A decisão ocorre uma semana depois da saída de Freeland, ex-ministra da Economia e colaboradora de Trudeau durante uma década, devido a diferenças sobre a estratégia para responder as ameaças de Trump, que assumirá a Presidência a 20 de janeiro, de elevar as tarifas alfandegárias para produtos canadianos.
"A nossa equipa concentrar-se-á no que mais importa para os canadianos: tornar a vida mais acessível, fazer a economia crescer e criar bons empregos para a classe média", disse Trudeau num comunicado no qual não mencionou as tensões atuais.
Oito ministros foram nomeados para substituir aqueles que saíram, e pelo menos quatro receberam novas responsabilidades.
Pelo menos quatro ministros assumiram novas responsabilidades.
Após o seu juramento, todos os nove ministros manifestaram a sua confiança em Trudeau. "Este é um momento em que devemos permanecer unidos", disse Anita Anand, a nova ministra dos Transportes.
"Moção de censura"
Trudeu, do partido Liberal, enfrenta sua maior crise política desde que chegou ao poder há nove anos, com uma minoria no Parlamento, a perda do seu aliado de esquerda e um descontentamento crescente na sua própria bancada.
Alguns correligionários pediram que apresentasse a renúncia, preocupados com o seu partido não ter hipóteses nas próximas eleições, com um eleitorado fatigado.
Nesta sexta, paralelamente às mudanças no gabinete, o líder do Novo Partido Democrático (NPD) e ex-aliado de esquerda de Trudeau, Jagmeet Singh, anunciou que deixaria de apoiar o governo.
"O tempo deste governo acabou. Vamos apresentar uma moção de censura clara na próxima sessão na Câmara dos Comuns", afirmou numa carta.
As legislativas devem ser celebradas no mais tardar em 20 de outubro de 2025, mas se uma moção de censura for votada, o governo poderia cair e isso anteciparia as eleições.
Está previsto que os parlamentares voltem a trabalhar no fim de janeiro. Mas não se sabe com certeza quando será a manobra do NPD de Singh, dos Conservadores e do Bloco Quebecois, de tentar expulsar os liberais.
A saída repentina de Freeland expôs as diferenças sobre como abordar a iminente guerra comercial que se avizinha com os Estados Unidos.
Otava procura frear as ameaças de Trump, que prometeu impor tarifas alfandegárias de até 25% aos seus vizinhos México e Canadá quando voltar ao poder em janeiro.
Esta medida seria catastrófica para o país, afirmam especialistas. Os Estados Unidos são o primeiro parceiro comercial do Canadá e destino de 75% das exportações canadianas. Cerca de dois milhões de pessoas no Canadá dependem deste comércio de um total de 41 milhões de habitantes.
O 51º estado dos EUA
Outras declarações de Trump aumentaram a tensão no Canadá.
O presidente eleito referiu-se ao país como o 51º estado dos Estados Unidos e chamou Trudeau de "governador".
Após uma década no poder, a popularidade do Primeiro-Ministro está abalada, sendo ele responsabilizado pela inflação, crise da habitação e deterioração dos serviços públicos no país.
Trudeau está 20 pontos atrás de seu rival conservador Pierre Poilievre.
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