Em entrevista à Lusa, a vila-condense de 30 anos explica que aceitou integrar as listas do Partido Socialista, lideradas por Vítor Costa, durante a estada no Japão, para os Jogos Olímpicos Tóquio2020, realizados em 2021.
“Aceitei não por pensar propriamente em chegar à vereação, mas por acreditar no projeto, ter grande admiração pelo presidente e identificar-me com a sua visão e forma de trabalhar”, conta.
Assim, os pelouros com que ficará serão “definidos este mês”, mas sabe já que seguirá com a juventude, procurando “dar seguimento ao bom trabalho” de Paulo Vasques, após iniciar funções no lugar de Mário Jorge Reis, que suspendeu o mandato.
O objetivo é simples: “manter a proximidade aos jovens, ouvi-los e poder trabalhar para eles, com eles”.
Entre o desporto e a vida política, elenca “a resiliência como principal característica” que a natação lhe deu para ‘transpor’ noutras funções.
“No desporto, trabalhamos diariamente para atingir um objetivo e sabemos que o resultado não é imediato, e que o plano nem sempre dá certo. Acho que se passa exatamente o mesmo na política. Podemos ter grandes projetos, grandes ideias, mas há sempre um longo caminho até as podermos tornar reais”, afirma.
Licenciada em Ciências de Bioengenharia na Universidade do Porto, de lado ficou, para já, um mestrado em Gestão Desportiva, na Universidade Católica de Múrcia, em Espanha.
Apesar da nova valência da vida, o trabalho em prol do rendimento desportivo segue como prioridade, tendo articulado com o treinador, Fábio Pereira, para proteger os objetivos traçados.
“Continuo com o meu foco em lutar para chegar aos Jogos Olímpicos Paris2024. Conciliei o desporto com os estudos praticamente toda a carreira, e sempre foi o que melhor funcionou para mim”, revela.
A nadadora do Fluvial Vilacondense tinha o “sonho de chegar aos Jogos desde 2012” e, tendo ficado de fora em Rio2016, chegou a Tóquio2020 e fez história, ao ser a primeira mulher portuguesa numa meia-final olímpica, no caso nos 200 metros mariposa, acabando em 11.º lugar, o melhor resultado da natação olímpica lusa no feminino.
Duas vezes vice-campeã dos Jogos do Mediterrâneo nos 200 mariposa, em Tarragona2018 e Oran2022, entre os inúmeros feitos na carreira contam-se a participação na Liga Internacional de Natação pelos New York Breakers, a única portuguesa a fazê-lo, e inúmeras medalhas em ‘meetings’ internacionais.
De resto, é a recordista nacional da ‘sua’ distância, os 200 mariposa, com 2.08,03 minutos alcançados em agosto de 2018, em Glasgow.
A participação em Paris2024 só podia, assim, ser um objetivo, para “lutar por algo mais” e atingir novo objetivo. Depois disso, admite, vai “avaliar e perceber como será o futuro desportivo”, mas sem acabar a carreira.
Ana Catarina Monteiro sempre privilegiou a ligação entre o desporto, a sua cidade e a cidadania ativa, uma vez que foi embaixadora da candidatura de Vila do Conde a Capital Europeia da Juventude, um concurso em que o município foi finalista vencido.
Além disso, nadou sempre pelo Fluvial Vilacondense, “há quase 25 anos”, e chegou aos Jogos dessa forma, um orgulho que alicerça no apoio sentido “pelo clube e pela cidade, desde sempre”.
“Desde os primeiros estágios aos treinos diários em piscina olímpica, competições no estrangeiro... num momento em que não tinha mais apoios, o clube e a câmara confiaram em mim, no meu trabalho e no meu potencial, e foram fundamentais para ter chegado onde cheguei”, refere.
Assim, essa ligação à terra enche-a de “um grande orgulho, por poder fazer todo o percurso desportivo no mesmo clube”, alavancando agora uma ligação à juventude, desporto e cidade em novas funções.
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