“Se analisarmos o alinhamento [composto por onze canções], só tem três temas revisitados. O resto é um álbum com inéditos, que eu quero que seja visto como uma prova de vitalidade criativa, e não o contrário. Não a olhar para trás, mas a olhar para a frente, daí o nome ‘Ponto de partida'”, afirmou André Sardet, em entrevista à Lusa.
Para o músico “é muito bom chegar aqui”. André Sardet acredita que conseguiu ter uma relação com a música “de muita tranquilidade e muita paz”. “O que faz com que não seja necessário correr atrás do calendário, porque tenho que gravar um álbum, ou lançar uma música de ‘x em x’ tempo, e isso faz com que eu tenha uma regularidade bastante baixa de lançamento de músicas, mas ao mesmo tempo faz com que eu só lance os álbuns quando sinto quando o devo fazer”, disse.
O álbum mais recente do músico de Coimbra, “Pára, escuta e olha”, data de 2011. Depois disso, foi “lançando temas avulso, em 2014, 2015 e 2020”, mas “a comemoração dos 25 anos de carreira justificava o lançamento de um álbum novo”.
No novo “Ponto de partida”, André Sardet sentiu que “fazia sentido voltar um bocadinho” à sua sonoridade tradicional, acústica, mas ao mesmo tempo “precisava de o fazer inovando, e atualizando” essa sonoridade.
“Foi por isso que me rodeei de músicos e de um produtor, o Diogo Clemente, que percebeu exatamente onde é que eu queria chegar, e o resultado é de facto um André Sardet mais atual em termos de sonoridade”, partilhou.
Ao longo da carreira, André Sardet tem escrito ou coescrito a maioria dos seus temas, mas também para outros músicos. “E outras pessoas têm composto também para mim”, lembrou. “Ponto de partida” não é exceção e na ficha técnica surgem como autores Agir, Diogo Clemente ou Carolina Deslandes.
“Acho que foi um ato de muita generosidade das pessoas. As músicas saem de dentro de nós, são filhos que entregamos a outros. Tentei tratar bem as músicas que me confiaram”, afirmou.
Aos temas inéditos, juntam-se quatro já bem conhecidos do público, mas com novas versões: “Foi feitiço”, “Quando eu te falei de amor” e “O azul do céu”.
“Foi feitiço” foi editado há 20 anos, no álbum “André Sardet” e teve “grande sucesso”. “Sinto que há novas gerações que não o conhecem e acho que pode ganhar uma nova vida, porque a Carolina [Deslandes, que participa na nova versão] trouxe todo o seu talento e todo o seu esplendor e fez com que a música subisse uns patamares muito interessantes”, contou.
Uma razão bem diferente levou André Sardet a decidir revisitar “Quando eu te falei de amor”, que fez parte do álbum “Agitar antes de usar”, de 1998.
“Confesso que não estava muito satisfeito com a gravação de 1998. Há uma outra versão, de piano e voz, do álbum ‘Acústico’ [de 2006], mas as pessoas andavam a ouvir mais a de 1998 e achei que o tema justificava uma nova sonoridade, completamente diferente, mais atual”, explicou, acrescentando achar que “vai surpreender”.
“O azul do céu” é outro dos temas mais populares de André Sardet, integrado no álbum de estreia, “Imagens”, de 1996.
“No ‘Imagens’ gravei uma versão do ‘Frágil’ do Jorge Palma, e daí convidá-lo para estar neste dueto [na nova versão de ‘O azul do céu]”, justificou.
Além de duetos com Carolina Deslandes e Jorge Palma, “Ponto de partida” contém ainda um outro tema em dueto, “Pudesse eu mudar”, com Bianca Barros.
“Como não me esqueci como foi começar, como foi estar a meio da carreira e chegar a esta fase, achei que devia ter estas três fases representadas através dos meus convidados. São pessoas com quem me cruzei ao longo destes anos todos, com quem estabeleci uma relação de amizade, de proximidade, e de respeito musical”, afirmou.
André Sardet vai levar “Ponto de partida” ‘para a estrada’, de Norte a Sul de Portugal, no próximo ano. O músico tem já “concertos programados para o início de 2023”, cujas datas serão entretanto anunciadas.
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