A carência de assistentes operacionais e técnicos na Escola Secundária Rainha Dona Amélia continua a ser um dos grandes problemas que leva a que o ano letivo comece “sem todos os serviços”, disse à Lusa o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva.
A falta de funcionários torna impossível manter aberto o pavilhão desportivo e por isso “nas primeiras semanas não haverá aulas de educação física”, exemplificou João Dias da Silva, no final de uma reunião com a direção da escola.
Já o funcionamento da biblioteca estará dependente da disponibilidade do corpo docente: “Os professores vão ter de garantir algum acompanhamento”, lamentou.
Segundo o secretário-geral da FNE, “o rácio está mal determinado porque é feito numa lógica meramente burocrática. A escola deveria ter 21 assistentes operacionais, mas só tem 17 e vai começar com apenas 13”.
A secundária Rainha Dona Amélia é apenas um exemplo do que se passa em todo o país, garantiu o professor.
No ano passado, o Governo anunciou a abertura de concursos para a contratação de mais de mil funcionários, mas a presidente do Sindicato dos Técnicos, Administrativos e Auxiliares de Educação do Sul e Regiões Autónomas (STAAESRA), Cristina Ferreira, asseverou hoje que esses concursos “não vieram resolver absolutamente nada”.
Segundo Cristina Ferreira, “a maioria das pessoas que concorreu já estava a trabalhar nas escolas” a meio tempo e passaram a tempo inteiro. Resultado: “Não houve nenhum acréscimo de pessoal”, alertou.
“Esta escola é um exemplo disso. Tiveram autorização para abrir concurso para um funcionário, mas isso significou apenas alterar o contrato a prazo para um contrato definitivo”, corroborou João Dias da Silva.
Além disso, os funcionários estão cada vez mais cansados, mais velhos e há cada vez mais casos de baixas prolongadas, descreveu Cristina Ferreira, lembrando que este é um “problema que se arrasta há 30 anos”.
O Ministério da Educação anunciou no passado ano letivo a criação de uma bolsa que permitiria às escolas substituir mais rapidamente os funcionários que estivessem de baixa, mas os dois representantes sindicais dizem que também não está a funcionar.
Outro dos problemas das escolas é o envelhecimento do corpo docente. Na Escola Secundária Rainha Dona Amélia, por exemplo, os professores têm em média mais de 50 anos, sendo que o mais novo tem mais de 40, segundo a FNE.
Também entre os contratados há casos preocupantes. “Há professores com mais de 15 anos de serviço que ainda pertencem aos quadros e têm mais de 40 anos de idade”, lamentou João Dias da Silva.
Além da idade, os prazos dos concursos para colocação de docentes voltaram este ano a revelar-se tardios, apesar de terem terminado mais cedo do que no ano passado.
“Há professores que hoje ainda não sabem que vão ser colocados nesta escola”, lamentou João Dias da Silva, sublinhando que as aulas começam na próxima segunda-feira.
Segundo o secretário-geral da FNE, em causa está o trabalho de docentes de Português, Matemática e outras disciplinas que não terão tempo para conhecer a escola, as turmas nem os seus alunos.
O tempo que deveriam ter para preparar as aulas e conhecer os alunos e professores com quem vão trabalhar, será gasto “a tratar de burocracias e papeladas”, criticou, lembrando a importância de haver articulação entre docentes para definir o trabalho em equipa e a necessidade de conhecer as dificuldades e carências dos futuros alunos.
Para Dias da Silva, o concurso de colocação de professores devia ocorrer no final dos anos letivos, permitindo aos docentes saber com mais antecedência em que escola ficam no ano seguinte.
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