A ex-presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye foi a primeira mulher ocupar semelhante cargo, mas acabou por ser destituída a 10 de março, indiciada por vários crimes que incluem suborno, extorsão e abuso de poder. Esta quinta-feira terá sido detida preventivamente, em Seoul, por ordem judicial, segundo avança o New York Times.
A ordem foi dada pela juíza Kang Bu-young, que emitiu um mandato de captura, advertindo que se a antiga presidente não fosse rapidamente detida, esta poderia "destruir provas".
Escreve o jornal norte-americano que Park Geun-hye passou a noite ser interrogada no gabinete do procurador-geral, até ter sido levada para um estabelecimento prisional fora da capital sul-coreana. É esperado que permaneça detida até ser formalmente julgada em tribunal.
As autoridades podem detê-la até 20 dias antes de formalizarem a acusação.
A decisão do tribunal é mais uma humilhação para Park Geun-hye, a primeira Presidente mulher da Coreia do Sul eleita em 2012 no meio de uma onda de nostalgia conservadora pelo seu pai, o ditador Park Chung-hee, que governou o país durante 18 anos (entre 1961 e 1979) marcados por um rápido crescimento económico e abusos contra os direitos humanos.
A justiça da Coreia do Sul acusa a antiga Presidente de conluio com uma amiga para extorquir grandes empresas, incluindo através de subornos.
As suspeitas levaram milhões de sul-coreanos a protestar nas ruas todos os fins-de-semana durante meses antes de o Tribunal Constitucional ter decidido, a 10 de março, a sua deposição.
Os poderes presidenciais de Park Geun-hye já tinham sido suspensos em dezembro pelo parlamento.
O tribunal decidiu deter a antiga Presidente porque as acusações são “graves” e os outros suspeitos envolvidos no escândalo já foram detidos e porque pode destruir provas.
Nas próximas semanas, a antiga Presidente deverá ser formalmente acusada de extorsão, suborno e abuso de poder.
Na Coreia do Sul, a condenação por suborno é punida com pena de prisão perpétua.
O escândalo, conhecido por “Rasputine”, está centrado em Choi Soon-Sil, a amiga da ex-Presidente, suspeita de ter usado pessoas para obrigar os grandes grupos industriais do país a “dar” quase 70 milhões de dólares (cerca de 65 milhões de euros) a duvidosas fundações por si controladas.
A Presidente foi acusada de cumplicidade e de permitir que Choi se intrometesse em assuntos de Estado, sem ter qualquer título oficial.
Ambas negaram já as acusações, com a ex-Presidente a afirmar que a amiga apenas a ajudava a escrever os discursos e nas relações públicas.
As mulheres, ambas com cerca de 60 anos, são amigas há 40 anos.
[Notícia atualizada às 21:42]
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