Num despacho divulgado na sexta-feira, a juíza Baloísa Marquínez determinou que o dinheiro usado para comprar a Editora Panamá América SA (Epasa) em 2010 por empresários próximos a Martinelli poderão ter tido “origem ilegal”.
O Ministério Público do Panamá alega que em 2010 foram realizadas 18 transações, por cerca de 40 milhões de dólares (37,9 milhões de euro), para adquirir várias empresas, utilizando 12 bancos do Panamá, Estados Unidos, Suíça e China.
Martinelli, de 70 anos, dono de uma rede de supermercados, defendeu que o caso é “um circo político” montado para o impedir de ser novamente candidato nas eleições presidenciais previstas para maio de 2024.
Em 08 de novembro, a mesma juíza ordenou o julgamento, marcado para agosto de 2023, de 36 pessoas por alegada lavagem de dinheiro ligado ao escândalo da Odebrecht, incluindo os antigos presidentes Martinelli e Juan Carlos Varela (2014-2019).
Em maio, os filhos de Martinelli, Luis Enrique Martinelli e Ricardo Alberto Martinelli, foram condenados nos EUA a 36 meses de prisão e multados em 250 mil dólares (237 mil euros) pelo envolvimento no caso Odebrecht.
Os filhos de Martinelli “encaminharam milhões de dólares em subornos através de bancos americanos para as suas próprias contas na Suíça para ajudar a Odebrecht a ganhar influência corrupta aos mais altos níveis do Governo panamenho”, segundo a acusação.
A acusação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos diz que os irmãos Martinelli alegadamente agiram como intermediários no pagamento de 28 milhões de dólares (26,6 milhões de euros) pela Odebrecht a um antigo funcionário panamenho, um parente próximo, entre 2009 e 2014.
Nos últimos quatro anos, quase 30 casos de corrupção foram abertos no Panamá, mas até agora não houve condenações de altos funcionários ou os casos foram arquivados.
Em novembro de 2021, o Tribunal de Julgamento da Primeira Circunscrição Judicial do Panamá absolveu Ricardo Martinelli no caso “Pinchazos”, no qual foram investigadas alegadas escutas telefónicas ilegais.
Em abril de 2017, um juiz de Nova Iorque condenou a Odebrecht a pagar 2,6 mil milhões de dólares (2,47 mil milhões de euros) pelo escândalo de suborno de funcionários de 12 países latino-americanos e africanos, incluindo no Panamá, Angola e Moçambique.
Três meses depois, a Odebrecht assinou um acordo com o Ministério Público do Panamá para pagar uma multa de 220 milhões de dólares (208,6 milhões de euros) ao longo de 12 anos.
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