"Estou a trabalhar, há cerca de um ano, numa nova lei para o Serviço Nacional de Saúde, que tem como pedra basilar as carreiras profissionais, porque as carreiras profissionais são a trave mestra do Serviço Nacional de Saúde", disse António Arnaut, em Coimbra, numa cerimónia evocativa dos 38 anos do SNS.
O advogado, que esteve na génese do serviço público de saúde, argumentou que este precisa de carreiras "estáveis, com profissionais de todos os setores, todas as graduações, todos os patamares, que se sintam motivados, ou então não há Serviço Nacional de Saúde de Qualidade, não há estabilidade", alegou.
"Os profissionais têm de ter estabilidade, têm de ter formação permanente, têm de ter espírito de equipa que só a estabilidade é que dá e ter uma remuneração condigna para com a sua responsabilidade profissional e social", adiantou António Arnaut.
A nova legislação, indicou, está a ser trabalhada por um médico e gestor - cuja identidade não revelou - mas a quem compete "a parte técnica", estando António Arnaut responsável pelos "princípios essenciais da filosofia e da doutrina do Serviço Nacional de Saúde", um serviço "para todos os portugueses, independentemente da sua condição económica e social".
"Acreditem que o futuro para o Serviço Nacional de Saúde é melhor do que o presente e do que o passado. Acreditem que o Governo está sensibilizado, já conhece o essencial das minhas sugestões e está de acordo com isso", adiantou.
Dirigindo-se aos representantes de secções regionais de ordens profissionais do setor - que hoje assinaram um protocolo de colaboração - o histórico socialista garantiu que a saúde "vai ter carreiras dignas", manifestando-se disponível para estar ao lado dos profissionais do setor "naquilo que for justo" nas negociações à mesa com o Governo.
Na cerimónia simbólica de rega de uma oliveira, plantada há oito anos por iniciativa da Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra, no parque Verde do Mondego, nas comemorações do 30.º aniversário do SNS, António Arnaut recordou o recente período de dois meses de internamento hospitalar a que esteve sujeito.
"Estou vivo graças ao Serviço Nacional de Saúde", frisou, alegando ter vivido "uma experiência difícil", durante a qual contactou "do corpo à alma" com o SNS.
Disse ainda ter reforçado a ideia que tinha de que "há muitas insuficiências" mas, na sua qualidade de utente do SNS, verificou também "uma grande dedicação" de médicos, enfermeiros e assistentes operacionais.
"E verifiquei uma grande dedicação, sobretudo dos enfermeiros. Eu sempre tive um grande apreço pelos enfermeiros, por todos, mas enquanto o médico, depois de me operar e de toda aquela solicitude própria, vem de manhã e fala comigo quatro ou cinco minutos, por que tem muitos [doentes] para ver, o enfermeiro está 24 horas por dia, três turnos sobre 24 horas. A gente toca à campainha e vem um enfermeiro. E não têm grandes condições de trabalho, eles em geral trabalham até à exaustão", descreveu António Arnaut.
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