António Costa chegou a Boston no domingo, ao fim da tarde de ontem, vindo de Ponta Delgada (Açores), para continuar a participar no programa de comemorações oficiais do Dia de Portugal – cerimónias presididas pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
Ao contrário do Presidente da República, que hoje à noite regressa a Lisboa, o primeiro-ministro permanecerá nos Estados Unidos até sábado, visitando várias cidades na Califórnia (São José, São Francisco e Sacramento) e Nova Iorque, com um programa eminentemente económico-científico.
Durante a sua presença nos Estados Unidos, além dos contactos com as comunidades portuguesas, António Costa definiu como principal objetivo renovar e reforçar parcerias entre empresa, universidades e instituições dos dois países.
Hoje, logo pela manhã, António Costa chega ao MIT acompanhado pelos ministros da Ciência e do Ensino Superior, Manuel Heitor, e da Economia, Manuel Caldeira Cabral.
O MIT tem parceiras com a Fundação para a Ciência e Tecnologia, abrangendo várias instituições universitárias nacionais, desde o segundo Governo em que o falecido Mariano Gago foi ministro da Ciência (2005/2009).
A parceria com Portugal, segundo fonte diplomática nacional, é considerada “uma das que tem dado mais resultados em todo o mundo” e, por essa razão, o MIT está interessado em aprofundá-la.
Antes de partir para a Califórnia, onde ficará nos próximos quatro dias, o primeiro-ministro volta a juntar-se ao Presidente da República no porto de Boston ao fim da manhã, durante uma cerimónia no Navio Escola Sagres em que Marcelo Rebelo de Sousa condecorará personalidades portuguesas e lusodescendentes.
Acompanhado pelo presidente do Governo Regional dos Açores, António Costa chega a São José, na Califórnia, às 19:00 locais (03:00 de terça-feira em Lisboa), para um encontro com a comunidade portuguesa residente nesta região, que terá lugar no Centro de Convenções de Santa Clara.
Já o Presidente da República participa numa sessão institucional na “State House” de Boston e, depois da cerimónia no Navio Escola Sagres, visita o Museu da Baleia de New Bedford, antes de regressar a Lisboa.
Segundo estatísticas oficiais de 2016, residem nos Estados Unidos 1,375 milhões de portugueses e lusodescendentes, dos quais 242 mil nascidos fora deste país.
O Estado onde residem mais portugueses e lusodescendentes é o da Califórnia, com cerca de 350 mil – uma comunidade que se tem queixado de estar mais afastada do poder político português.
Após a Califórnia, é o Estado do Massachusetts onde habitam mais portugueses e lusodescendentes, cerca de 278 mil, seguindo-se Rhode Island, Flórida, New Jersey e Nova Iorque.
Portugueses na Califórnia antecipam "retorno sem limites" de visita de Costa
A comunidade portuguesa e lusodescendente na Califórnia antecipa que a visita oficial do primeiro-ministro, António Costa, à região vai garantir um “retorno sem limites”, disse à Lusa o conselheiro Nelson Ponta-Garça.
António Costa visita a Califórnia a partir de hoje e até quinta-feira várias cidades na Califórnia, onde vai visitar empresas como a Cisco, a Google ou a portuguesa corticeira Amorim, além de ter previstos encontros com governantes estaduais ou uma intervenção no Senado, onde será proclamado o Dia de Portugal.
Em declarações à Lusa, o conselheiro da comunidade portuguesa na Califórnia destaca a “importância para Portugal e para a Califórnia desta relação, sobretudo económica, ao mais alto nível”.
“Já há resultados óbvios”, como o centro que a tecnológica Google se prepara para abrir em Portugal, mas há muitas oportunidades de negócio e investimento para explorar, defendeu Ponta-Garça, que recusa a ideia de que as deslocações de governantes portugueses sejam uma perda de dinheiro.
“Seja [o Governo] do PS ou do PSD ou de que partido for, estas visitas são muito importantes e pedia que o povo português não interpretasse como um esbanjamento de dinheiro do Governo de Portugal. Imagine-se que mesmo que [esta visita] custasse um milhão de euros, o investimento que irá surgir, de certeza, ultrapassará em muito, será 200 ou 300 vezes mais”, considerou.
O conselheiro pede aos portugueses que vivem no território nacional que sejam “solidários com os portugueses que residem na Califórnia e que percebam que a comunidade sente falta e agradece essa visita”.
Além disso, sublinhou, “este dinheiro não é gasto, mas é investido, e deverá ter um retorno sem limites”.
A Califórnia alberga uma das maiores comunidades de portugueses no mundo: “Os censos norte-americanos indicam 400 mil [pessoas], mas nós somos mais que um milhão se tivermos em conta as sete gerações. Há, pelo menos, duas vezes mais açorianos só na Califórnia do que em todos os Açores”, indicou Nelson Ponta-Garça.
Uma comunidade que ficou desapontada por o Presidente da República não ter aproveitado a comemoração do 10 de Junho para ir à Califórnia – Marcelo Rebelo de Sousa estará em Boston e Providence -, mas que ainda espera uma visita do chefe de Estado.
“Escrevemos uma carta [ao Presidente] a reforçar esse convite para o futuro. Temos a certeza que o Presidente da República, na sua agenda ocupada, irá encontrar certamente tempo” para visitar o ‘Golden State’, disse o conselheiro, que representa uma área total de 13 estados norte-americanos, equivalente à distância entre Lisboa e Moscovo.
Durante a deslocação do primeiro-ministro, os representantes da comunidade vão transmitir às autoridades que a “maior preocupação” em relação à Costa Oeste é “a grave situação em que se encontra o consulado-geral de São Francisco”.
“O consulado encontra-se numa situação urgente, sem vice-cônsul, sem chanceler, uma redução de funcionários em mais de metade e sem capacidade de atrair trabalhadores. Não se perspetiva nenhuma solução”, relatou.
O Estado tem aberto vagas para preencher neste consulado, mas tem dificuldade em recrutar funcionários ou, os que aceitam, ficam por pouco tempo.
O ordenado oferecido é de 1.800 euros, um valor baixo para o custo de vida nos EUA.
Nelson Ponta-Graça recordou que o Governo anunciou recentemente um aumento de 30%, o que saudou, mas referiu que, “mesmo assim, continua abaixo do salário mínimo”.
Na prática, os portugueses e lusodescendentes dos 13 estados que são servidos pelo posto de São Francisco não conseguem ser atendidos por telefone e chegam a esperar dois ou três meses por uma marcação, descreveu.
A deslocação do primeiro-ministro à Califórnia segue-se à celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades em Boston e Providence, com o Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa. Depois, António Costa prossegue a visita nos Estados Unidos com uma deslocação a Nova Iorque, que termina no sábado.
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