António Guterres mostrou-se chocado com a decisão da Etiópia e declarou que a Organização das Nações Unidas (ONU) estava em discussões com o Governo etíope para garantir que “o pessoal da ONU em questão” pudesse “continuar o seu importante trabalho” no país.
“Todas as operações humanitárias da ONU são guiadas pelos princípios fundamentais da humanidade, imparcialidade, neutralidade e independência”, salientou Guterres.
“Na Etiópia, a ONU está a fornecer assistência para salvar vidas – incluindo alimentos, medicamentos, água e saneamento – a pessoas em necessidade desesperada”, acrescentou.
O secretário-geral afirmou que tem “plena confiança no pessoal da ONU na Etiópia para fazer este trabalho”.
“A ONU está empenhada em ajudar o povo da Etiópia que depende da assistência humanitária”, frisou Guterres.
Segundo o secretário-geral, a ONU estava em discussões “com o Governo etíope, na esperança de que o pessoal da ONU em questão seja autorizado a continuar o seu importante trabalho”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) etíope enviou cartas aos sete funcionários pedindo-lhes que deixassem a Etiópia no prazo de 72 horas.
Os funcionários de organismos como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) foram declarados como ’persona non grata’ por “interferirem nos assuntos internos do país”.
O comunicado do MNE etíope surge no dia seguinte à divulgação de uma entrevista do chefe humanitário das Nações Unidas à agência Associated Press, na qual classificou a crise na Etiópia, onde crianças e adultos morrem à fome na região de Tigray devido a um bloqueio governamental de alimentos, material médico e combustível, como uma “mancha” na consciência.
A guerra na Etiópia começou em novembro do ano passado, perto da época da colheita em Tigray e a ONU alertou que pelo menos metade da próxima colheita irá falhar.
O primeiro-ministro, Abiy Ahmed, enviou o exército para derrubar as autoridades regionais da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF), que acusa de orquestrar ataques aos campos militares federais.
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