“Penso que o que tem de mudar são as ideias e os pressupostos. Este rosto do sindicato, que penso que não mudou porque já era o presidente do sindicato e exercia a sua função com toda a propriedade, deve compreender que, à semelhança do que aconteceu com a Fectrans [Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações] e com o SIMM [Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias], [se] encetasse um diálogo, baixasse as armas e tirasse a espada sob a cabeça da Antram e negociasse” seria mais fácil alcançar um consenso, afirmou André Matias de Almeida, porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram), que falava aos jornalistas, em Lisboa.

O também advogado assegurou que a Antram acredita ser possível chegar a um entendimento com o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), mas lembrou que a associação não vai negociar enquanto não for levantado o pré-aviso de greve.

“O que aconteceu na negociação com o SIMM [Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias] e com a Fectrans [Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações] é que a Antram foi além daquilo que já tinha estabelecido. Acreditamos que é possível chegar a um entendimento com o SNMMP desde que, por um lado, se sentem à mesa e, por outro, que não queiram impor um resultado à partida”, defendeu.

No entanto, André Matias de Almeida ressalvou que a negociação terá sempre “duas balizas” – as reivindicações do sindicato “e aquilo que os empregadores podem suportar".

O presidente do SNMMP, Francisco São Bento, vai substituir Pardal Henriques como porta-voz e admitiu hoje poder retirar o pré-aviso de greve se houver consenso nas reuniões com a Antram.

O anúncio do novo porta-voz do SNMMP foi hoje feito em Aveiras de Cima (Lisboa) pelo próprio Francisco São Bento, na sequência do abandono do cargo por parte de Pedro Pardal Henriques para integrar as listas do PDR às eleições legislativas de 06 de outubro.

Os motoristas de matérias perigosas apresentaram um pré-aviso de greve para o período entre os dias 07 e 22 de setembro, mas desta vez só aos fins de semana e trabalho extraordinário, anunciou o sindicato na quarta-feira.

A Antram e o sindicato vão ter que apresentar, na segunda-feira, a sua proposta para a definição de serviços mínimos.

Apesar de o sindicato já ter defendido que não devem ser decretados serviços mínimos, este encontro trata-se de um passo formal, uma vez que só depois da apresentação das propostas, e caso não haja entendimento, é que o Governo pode interferir.

A greve dos motoristas de matérias perigosas, que levou o Governo a adotar medidas excecionais para assegurar o abastecimento de combustível, terminou no domingo, ao fim de sete dias de protesto, depois de o SNMMP, que se mantinha isolado na paralisação desde quinta-feira à noite, a ter desconvocado.

O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias desvinculou-se da greve ao quarto dia, na quinta-feira à noite, e vai regressar às negociações com o patronato em 12 de setembro.

(Notícia atualizada às 20:59)