A adesão à greve por parte dos trabalhadores das empresas rodoviárias privadas foi de 11,84% e de 14,67% se se tiver em conta apenas os motoristas, sendo estas percentagens a nível nacional mais elevadas na Área Metropolitana de Lisboa (AML), disse à Lusa o presidente da Antrop, Luís Cabaço Martins, baseando-se nos dados reportados pelas empresas associadas.
Os números diferem dos indicados Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), que aponta para uma adesão a oscilar entre os 75% e os 100%.
Segundo Cabaço Martins, a greve não teve “qualquer efeito” na “maior parte das empresas”, tendo sido possível, mesmo nas zonas em que a adesão foi maior, como sucedeu na AML, assegurar mais de metade dos serviços.
“Mesmo nesses casos, tendo algum significado, a adesão à greve não paralisou os serviços”, com “a maior parte dessas empresas da AML” a conseguir “mais de metade dos serviços”, referiu o presidente da Antrop, precisando que durante a tarde será feito um novo balanço.
Luís Cabaço Martins referiu ainda haver disponibilidade para continuar com as negociações que, disse, foram interrompidas pelos sindicatos para marcar esta greve, mas numa base “adequada” e “equilibrada”, ou seja, tendo por referência o nível de inflação estimado para 2021 ou ligeiramente acima.
“Estamos disponíveis para fazer uma negociação adequada e equilibrada e que tem a ver com os níveis de inflação esperados para 2021 e é com base nessa referência que negociamos”, referiu, referindo que os últimos indicadores disponíveis apontam para que a inflação ronde os 0,8% em 2021.
“O pedido dos sindicatos é de aumentos salariais de 7%. Quando se prevê que a inflação em 2021, que é a da referência [para os aumentos salariais de 2022] não chegue sequer a 1%, é uma exigência completamente irrazoável e que não tem adesão completamente nenhuma com a realidade do país e das empresas”, precisou o dirigente da Antrop.
Luís Cabaço Martins salientou o impacto da pandemia na atividade das empresas de transportes, sendo um dos setores “que mais sofreu”, precisando que, ainda assim, há disponibilidade “para avançar com atualizações salariais na ordem do nível da inflação ou até um pouco superior”.
Questionado sobre se esta disponibilidade para negociar poderá levar a que a paralisação de 01 de outubro possa ser desconvocada, Cabaço Martins afirmou que a ‘bola’ está do lado dos sindicatos.
“Isso depende dos sindicatos. Os sindicatos é que não quiseram continuar [as negociações] e marcar a greve. Estamos disponíveis para voltar assim que os sindicatos queiram, mas têm é de fazer uma opção entre negociar ou fazer greve”, precisou.
Os trabalhadores das empresas rodoviárias privadas estão hoje em greve, com outra paralisação já marcada para 01 de outubro, em protesto por melhores salários, numa iniciativa que abrange mais de 90 empresas em todo o país.
A paralisação começou às 03:00 de hoje e prolonga-se até à mesma hora de terça-feira. Na Rodoviária de Lisboa, a greve incluirá também todo o dia 21 de setembro.
De acordo com um comunicado publicado pela Federação no dia 13 de setembro, as reivindicações dos trabalhadores incluem “o aumento imediato do salário base do motorista para 750 euros” e uma atualização na mesma percentagem para “o salário dos demais trabalhadores”.
Além disso, os trabalhadores exigem uma “atualização do subsídio de refeição nos mesmos termos percentuais do aumento do salário do motorista” e “que se proceda à redução do intervalo de descanso para o máximo de duas horas (nas empresas onde o intervalo é maior)”.
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