"As empresas hoje têm um nível de receita que, a partir já do final deste mês, com a venda dos novos passes, vai reduzir drasticamente. E, portanto, é absolutamente crítico que as autoridades de transportes compensem rapidamente este diferencial, sob pena de os operadores não terem meios de subsistência para poder acudir àquilo que são as suas obrigações básicas, como, por exemplo, pagar os salários, pagar os combustíveis", afirmou hoje, em declarações à Lusa, o presidente da ANTROP, Luís Cabaço Martins.
O responsável lembrou que em causa está um modelo tarifário "muito radical" relativamente ao que existe hoje e que exige da parte de todos os intervenientes, inclusive dos operadores de transporte, mudanças significativas ao nível da bilhética, da oferta de transporte e da própria operação.
"Independentemente de todas estas alterações que vão exigir muito trabalho e muita concentração e capacidade de realização, nós só podemos fazer isto com uma sustentabilidade económico-financeira", defendeu, sublinhando que para os operadores privados esta é uma questão absolutamente fundamental.
O presidente da ANTROP lembrou que o histórico de Portugal "é desastroso" no que diz respeito ao comportamento do Estado relativamente aos operadores.
"Ainda hoje, o Estado por situações diversas já é devedor para com as empresas em nove ou dez milhões de euros, com situações antigas de ajustamento do multimodal de Lisboa, do passe 4_18, Sub23 do Porto e do primeiro trimestre do tarifário social em todo o país", declarou.
O Estado ainda não regularizou estas situações, sublinhou Luís Cabaço Martins, e a partir de abril "cria uma situação nova, com valores muito mais significativos".
"Tem de haver uma grande responsabilização da parte das autoridades de transporte e do Governo, que é responsável pela transferência da maior parte dessas verbas para que tudo corra bem, sob pena de o sistema fracassar por essa via", defendeu.
O PART - Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos pretende incentivar o uso dos transportes coletivos nas grandes cidades e foi publicado em 05 de fevereiro.
O diploma estabelece que as Áreas Metropolitanas de Lisboa (AML) e do Porto (AMP) e as 21 Comunidades Intermunicipais (CIM) recebam 104 milhões de euros do Fundo Ambiental, através do Orçamento do Estado, e comparticipem o programa com um total de 2,6 milhões. A verba estará disponível a partir de 01 de abril.
A AML, que tem mais de 464 mil utilizadores dos transportes públicos, irá receber a verba maior - 74,8 milhões de euros - enquanto a AMP, com 177,5 mil utilizadores, vai receber 15,4 milhões de compensação financeira.
Apesar do investimento inicial previsto, as autarquias contribuíram com 12 milhões para o PART.
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