Lacerda Sales explicou que a app está “na fase piloto com os dois sistemas operativos [Android e iOS]" e que "tem decorrido de acordo com o esperado”.
“A Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) está a trabalhar para garantir que o SNS 24 tem toda a informação necessária para dar respostas relativamente à aplicação, como em garantir o seu encaminhamento em caso de necessidade", disse.
Relatório sobre lar em Reguengos de Monsaraz
Em relação ao relatório da Ordem dos Médicos sobre Reguengos, Lacerda Sales afirmou que o ministério da Saúde analisa “todos os documentos e relatórios que lhe chegam”, dizendo que não vai comentar os documentos por estarem em investigação do Ministério Público. Sobre a sua leitura, Graça Freitas disse que “faz parte das nossas obrigações ler os relatórios que nos chegam, tirar ensinamentos e fazer comentários e acrescentos porque nenhum relatório é completamente exaustivo”.
Em causa está um relatório sobre o surto de Covid-19 no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, de Reguengos de Monsaraz, onde faleceram 18 pessoas, que a Ordem dos Médicos enviou e que a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, admitiu não ter lido, em entrevista ao semanário Expresso, onde terá dado respostas que "desvalorizam" a situação.
Surto de Covid-19 em Mora
Questionado pelos jornalistas sobre a situação de Mora, no distrito de Évora, Lacerda Sales disse que foram visitadas 261 estruturas sociais (num total de 283 lares na zona do Alentejo) de forma a avaliar as condições, "sendo que as inconformidades são registadas para corrigir e proceder de maneira preventiva". Lacerda Sales disse que se trata de "um processo gradual, que vai progredir."
O secretário de Estado da Saúde relembra algumas medidas que o Governo tem posto em prática: "Por exemplo, as testagens preventivas a todos os funcionários dos lares, as orientações sobre medidas de prevenção e ativação dos planos contingência, as visitas conjuntas aos lares que temos feito com as equipas mistas (Autoridade de saúde, Proteção Civil e Segurança Social)".
Relembra também a "distribuição de mais de um milhão e 300 mil de equipamentos de proteção individual em todos os lares" e a "criação de espaços de retaguarda quando não é possível nas estruturas residenciais para idosos fazer uma divisão, com segurança, entre Covid positivo e Covid negativo; o programa de contratação de recursos humanos, com cerca de seis mil pessoas já colocadas". Por último, destaca a "linha telefónica direcionada para lares, que vai ser muito importante na estação outono-inverno".
Lacerda Sales disse que 70 estruturas residenciais para idosos em Portugal têm casos de Covid-19 com 542 utentes e 2017 funcionários com testes positivos. O secretário de Estado da Saúde adiantou que este número equivale a menos de 3% do universo total de lares de idosos.
A situação dos lares continua a ser acompanhada pelo Ministério da Saúde, garantindo contudo que se regista “alguma estabilidade” e que a tendência é de continuar a ser de diminuição de infeções nestes espaços.
A diretora-Geral de Saúde, Graça Freitas, disse que a situação de Mora trata-se de um "surto complexo porque tem mais de 300 pessoas potencialmente envolvidas" e que maior parte das pessoas já foram testadas. As cadeias de transmissão estão em investigação com as autoridades de saúde. Acrescenta que é "precoce" falar sobre o assunto. As autoridades de saúde, segundo Graça Freitas, procedem a um inquérito ao envolvimento de contactos a cerca de 300 pessoas, como um "trabalho policial, de detetive".
Este surto surgiu há uma semana, no dia 9 de agosto, quando foram confirmados os primeiros três casos positivos na comunidade, número que foi subindo, todos os dias, à medida que foram sendo testados os contactos de pessoas infetadas. Tem agora 43 casos confirmados. A câmara ativou o Plano Municipal de Emergência para lidar com este surto e fechou, no início da semana passada, os serviços de atendimento ao público e outros equipamentos, como a Casa da Cultura, e instalações desportivas.
Ao longo da última semana, segundo o relato do autarca local, Luís Simão, foram fechando cafés, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais, com a população confinada em casa, por precaução.
Segundo foco do surto em Évora "possivelmente relacionado com o primeiro"
Graça Freitas mencionou a existência de outro surto no distrito, em Montemor-o-Novo, na freguesia de Ciborro, com 24 casos registados. Já foram feitos 225 testes neste segundo foco, "possivelmente relacionado com o primeiro", em Mora. "Só quando as investigações terminarem é que podemos reconstituir as ramificações destas cadeias de transmissão, que podem dar origem a outros pequenos surtos ou focos da doença".
“Quer a origem quer as cadeias de transmissão deste surto [em Mora] estão ainda em investigação”, frisou Graça Freitas, referindo que “não são apenas os casos iniciais que interessam”. “Interessam também os casos secundários, terciários e quaternários”, disse.
Zona norte de Portugal
Sobre a região norte, Graça Freitas relembrou que no início da pandemia em Portugal, a região "mais precoce e intensamente afetada" foi esta. "Depois registou uma acalmia, mas nunca deixou de ter casos, sobretudo comparado com Lisboa". A diretora-Geral de Saúde disse que o concelho de Vila do Conde tem sido "particularmente afetado" e que estes surtos têm a particularidade de serem de "origem familiar e social". Neste sentido, chamou a atenção para "distrações" em convívios familiares, que podem originar casos de Covid-19.
Atrasos nas cirurgias
“Temos a consciência perfeita de que tem havido uma diminuição da atividade assistencial”, disse Lacerda Sales. De acordo com dados fornecidos ao Público pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), no mês de maio estavam inscritos cerca de 242 mil doentes na lista de espera para cirurgia. Destes, 100 mil pessoas já tinham ultrapassado o "tempo máximo de resposta garantido", que diz respeito ao tempo de espera clinicamente recomendado face à patologia associada.
O secretário de Estado disse que o país vinha “num trajeto muito favorável”, que foi interrompido pela pandemia. Lembrou ainda que "nos finais de julho, se assinaram contratos-programas com os hospitais" com o compromisso de “atividade assistencial mais alargada, com horários mais alargados”.
"Entre 1 de janeiro e 31 de julho foram emitidos mais de 143 mil vales-cirurgia para que as pessoas se pudessem dirigir às entidades convencionais", o que representa "mais 15% em relação ao ano anterior", disse. “Em relação à receção por parte dos doentes houve uma diminuição de 16%, o que significa que os cidadãos têm mais confiança no SNS e não querem sair dos seus hospitais”.
"Estamos a fazer de tudo para que se possa retomar esta atividade assistencial", conclui Lacerda Sales, acrescentando que "numa ação conjugada com o nosso plano para o outono-inverno, contemplamos a atividade Covid com a não Covid".
"Os hospitais já receberam 716 ventiladores" - mas não é preciso só equipamentos
Em relação à chegada de 114 ventiladores vindos da China ontem, Lacerda Sales começou por dizer que no início da pandemia “foram contabilizados 1142 ventiladores com capacidade para tratamento da Covid-19" e que o "objetivo era duplicar essa capacidade.”
“Dos 1211 ventiladores adquiridos por Portugal, 966 já foram entregues.” O secretário de Estado disse que existem algumas ordens de compra: “Há 245 que estão ainda em apreciação quer por vicissitudes contratuais, quer com incumprimentos dos prazos de entrega”.
“O número real de ventiladores é de 1196”, diz Lacerda Sales. Chega-se a este número somando os já entregues (966), mais 101 doados, 10 por empréstimo e 119 foram recuperados. Até à data, os hospitais já receberam 716 ventiladores.”
A distribuição destes equipamentos é a seguinte: “No norte, 272; no centro, 106; em Lisboa e Vale do Tejo, 244; no Alentejo, 29 e no Algarve, 65. “Obviamente que estamos a fazer um esforço grande para contratar recursos humanos porque não chegam os ventiladores”.
Comentários