De acordo com dados fornecidos ao Público pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), no mês de maio estavam inscritos cerca de 242 mil doentes na lista de espera para cirurgia. Destes, dois em cada cinco (43%) já tinham ultrapassado o "tempo máximo de resposta garantido", que diz respeito ao tempo de espera clinicamente recomendado face à patologia associada. No total, registam-se já 100 mil pessoas nesta situação.

"A recuperação das listas de espera de cirurgia que se verificou em 2019 — com um aumento na ordem dos 10,4% de cirurgia programada e 27,1% na cirurgia de ambulatório — e que se mantinha crescente até fevereiro, foi bruscamente interrompida devido ao surgimento da pandemia de covid-19", explica a ACSS ao jornal.

No final de julho, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, afirmou que Portugal está a "acelerar substancialmente" a recuperação da atividade assistencial do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que foi condicionada pela pandemia.

Em declarações à Lusa à margem da apresentação da campanha “Dê Sangue – Ajude a Vida a Vencer”, do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), o governante reconheceu o atraso que afetou consultas, cirurgias, cuidados primários e cuidados diferenciados de saúde, mas notou que o executivo e os profissionais do setor estão a trabalhar intensamente para uma normalização da assistência.

“Temos metas e estamos a cumpri-las e até a acelerar este processo. Isso vai ser muito importante, porque, muitas patologias, nomeadamente diabetes, hipertensão e outras patologias crónicas, tiveram durante este período uma fase menos boa, mas queremos recuperar rapidamente estas consultas e estas cirurgias e é esse esforço que estamos a fazer. Estamos até a acelerar substancialmente acima daquilo que tínhamos previsto”, afirmou.

Questionado sobre uma eventual recuperação plena da atividade assistencial que foi afetada pela pandemia até ao final de 2020, António Lacerda Sales reiterou a “incerteza” nas projeções, face à possibilidade de uma segunda vaga da doença no segundo semestre do ano, mas manifestou algum otimismo.

“Se tivéssemos um bom período e de maior acalmia, obviamente que sim, seria expectável [a recuperação total da atividade assistencial]. Agora, não sabemos se iremos ter uma segunda onda, e se tivermos uma segunda onda tudo poderá ser diferente. Acreditamos que se tivermos uma maior estabilidade conseguiremos recuperar este tempo que perdemos de atividade assistencial durante a pandemia”, explicou.

Segundo dados da ERS, ao nível da realização de cirurgias, os hospitais do SNS tiveram “uma redução significativa a partir de março, com o volume de cirurgias programadas em abril e maio a ficar, respetivamente, 78% e 57% abaixo do verificado nos períodos homólogos de 2019”.

Ainda que o impacto nas cirurgias consideradas urgentes tenha sido inferior, “a redução do seu volume tem também vindo a ser significativa desde o início da pandemia”, adianta a ERS, referindo que em abril, em particular, houve uma diminuição de 23% das cirurgias urgentes realizadas face ao mesmo mês em 2019.

Quanto às cirurgias no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), efetuadas por entidades convencionadas do setor privado, cooperativo e social, “ainda não eram conhecidos dados definitivos” em julho. Contudo, de acordo com a informação preliminar, comparando a média mensal de atividade cirúrgica referente a 2019 e a média mensal referente ao período de janeiro a maio de 2020, estima-se uma redução de cerca de 40% das cirurgias realizadas.

Por sua vez, o internamento – médico e cirúrgico – de doentes agudos no SNS apresentou uma queda na ordem dos 15%, 38% e 32%, respetivamente, em março, abril e maio, face aos meses homólogos de 2019.

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