"O nosso objetivo é ir caminhando de 100 mil árvores, em 100 mil árvores, com uma cadência de oito anos", afirmou o co-coordenador do CRE.Porto, tendo como ponto de partida o tempo que foi necessário para cumprir a meta inicial.

Nascido no contexto do Centro Regional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Área Metropolitana do Porto (CRE.Porto), o projeto Futuro resulta da elaboração do Plano Estratégico de Ambiente da Área Metropolitana do Porto (2003-2008) e tinha, como meta inicial, a plantação, num período de cinco anos, de 100 mil árvores nativas nos 17 concelhos que integram aquele território. O objetivo foi alcançado em 2018 (106.000), oito anos após o seu arranque, em outubro de 2011.

Apesar do impacto da pandemia de Covid-19, o projeto mantém a meta de alcançar, até 2026, as 200 mil árvores plantadas no território da AMP, explicou à Lusa, Eduardo Cardoso que vê no novo projeto de mecenato, lançado no ano passado, uma oportunidade de ampliar os resultados.

De acordo com os dados mais recentes, disponibilizados à Lusa, desde outubro de 2011 e até março deste ano foram plantadas mais de 136.089 árvores - entre carvalhos, sobreiros, medronheiros, freixos e outras espécies nativas - num total de 216 hectares de área intervencionada.

Só entre janeiro de 2022 e junho deste ano foram intervencionados 16,6 hectares de área florestal e plantadas 15.366 árvores. Neste período, os concelhos de Gondomar (4.593), Valongo (2.977) e Paredes (2.226), destacaram-se como os municípios onde foram plantadas mais árvores.

Nos 12 anos desde o arranque do projeto, foram ainda realizadas 866 ações de campo que contaram com a participação de mais de 22 mil voluntários.

Com co-coordenação da Católica do Porto e da AMP, o FUTURO “foi, e é” - de acordo com os seus promotores - “talvez um dos projetos ambientais mais influentes na região pelo seu impacto na economia - especialmente no turismo com a valorização de vários espaços - na biodiversidade, na qualidade do ar e solos e inegavelmente no combate às alterações climáticas com o sequestro de mais 10.000 toneladas de CO2”.

Com uma equipa técnica baseada naquela universidade, o projeto FUTURO enfrenta, para lá dos desafios ambientais, os da diversificação das fontes de financiamento, dado não ter contribuição direta para intervenções no terreno.

Com a dotação "modesta" dos municípios da AMP a rondar os 60/70 mil euros anuais, o projeto tem por "obrigação" multiplicar este financiamento, tendo lançado, em 2022, um programa de mecenato - Hectare - para o qual, em média, os parceiros contribuem anualmente com 20 mil euros.

"Nesta fase, estamos a procurar criar outras condições para uma execução mais relevante, através de uma aproximação junto das entidades privadas, nomeadamente junto da comunidade empresarial", explicou, assinalando que neste momento o programa tem já cinco parceiros.

Mobilizando recursos adicionais através destas "parcerias público-privadas", o projeto, acrescenta, será capaz de apoiar e amplificar projetos de restauro ecológico que, em linha com os objetivos estratégicos dos municípios, contribuam para o desenvolvimento sustentado da região.

Eduardo Cardoso - que assumiu a co-coordenação do CRE.Porto em finais de 2020 - admite, contudo, que é necessário que os municípios caminhem em direção a projetos "mais estruturantes", apontado como exemplo o programa de arborização dos nós das autoestradas, cujos resultados podem não ser apreendidos como expressivos, mas que tem impacto na região.

Segundo os Censos de 2021, a AMP é - a seguir da Área Metropolitana de Lisboa - a segunda sub-região mais populosa e mais densamente populada de Portugal, onde mais de 90% do território florestal é ocupado com o cultivo industrial intensivo e apenas 6% do território florestal é coberto com espécies nativas.