
Na primeira sessão de julgamento, que decorre no Tribunal Criminal de Guimarães, sob fortes medidas de segurança, Diogo Meireles, com a alcunha de ‘Xió’, assumiu ter esfaqueado a vítima em legítima defesa, atribuindo a Bruno Ribeiro, conhecido como ‘espanhol’, a autoria da pedrada na cabeça que matou Hugo Ribeiro junto à discoteca Noa, na madrugada de 07 de março de 2022, após confrontos entre grupos, que não se conheciam.
‘Espanhol’ assumiu apenas ter arremessado uma pedra do “tamanho da mão” na direção do grupo onde estava a vítima, em resposta ao arremesso de pedras vindas do outro grupo, quando ambos os arguidos se encontravam a fugir do local, negando ter estado junto à vítima inanimada, ter dito “estou desgraçado” ou ter tido contacto com o telemóvel do ofendido, como havia dito ‘Xió’, minutos antes.
Como era a primeira vez que os arguidos, ambos com 28 anos e em prisão preventiva, iam prestar declarações sobre o processo, o procurador do Ministério Público requereu que falassem sem a presença do outro, o que foi aceite pelo coletivo de juízes.
Diogo Meireles contou ao tribunal que, por volta das 05:20, ele e Bruno Ribeiro chegaram à discoteca e, enquanto aguardavam pela entrada, sem perceber porquê, levou um soco na cara de um dos membros do grupo da vítima, que tinha acabado de ser expulso da discoteca.
Nessa sequência, acrescentou, continuou a ser “agredido, pontapeado e socado” por “dois ou três” elementos, até ao momento em que conseguiu retirar a faca da mão de um deles, ripostou e esfaqueou um dos alegados agressores.
“Foi por Deus que consegui tirar a faca. Não sou nenhum assassino, não matei ninguém. Eu também sou vítima”, afirmou ‘Xió’, lamentando e pedindo desculpa ao tribunal e à família pela morte do jovem, da qual só soube no dia seguinte pelas notícias.
Este arguido contou depois ter visto Bruno Ribeiro junto ao corpo da vítima, prostrada no solo, perguntando-lhe o que se tinha passado, a que ‘espanhol’ terá respondido: “vamos embora, vamos embora”.
Diogo Meireles assumiu ter trazido, por engano, pois pensava ser o seu, o telemóvel da vítima, que se encontrava no chão, referindo que, já na viatura, ligaram várias vezes, atribuindo essas chamadas “aos outros” do grupo da vítima, havendo troca de palavrões.
‘Xió’ relatou que, numa dessas chamadas passou o telemóvel a Bruno Ribeiro, que também respondeu da mesma forma, acrescentando que ‘espanhol’ disse, ainda na viatura Uber em que seguiam: “estou desgraçado, estou desgraçado”.
Bruno Ribeiro corroborou a versão de Diogo Meireles apenas na parte das agressões iniciadas por elementos do outro grupo, sublinhando que também ele foi “agredido e espancado”.
Quanto à morte de Hugo Ribeiro, este arguido afirmou que só soube da mesma uns “dois meses depois”, referindo ser “mentira” a versão apresentada por ‘Xió’ que o envolvem no homicídio.
O julgamento prossegue em 02 de junho.
Aquando da saída das carrinhas com os presos do tribunal, familiares e amigos de Diogo Meireles proferiram frases como: “`Xió’, nós sabemos que estás inocente” ou “‘espanhol’, assume o que fizeste”, perante o olhar do dispositivo policial.
Bruno Ribeiro fugiu para o Brasil 18 dias após o crime, mas o processo seguiu os seus trâmites e o início do julgamento esteve marcado várias vezes e foi sendo adiado.
O crime aconteceu na madrugada de 07 de março de 2022, quando Bruno Ribeiro e Diogo Meireles, conhecido por “Xió” e arguido no processo que envolve o superdragão Marco “Orelhas”, chegaram à discoteca Noa e foram barrados à entrada, envolvendo-se de seguida em confrontos com outros clientes do espaço de diversão noturna, acabando com a morte de Hugo Ribeiro, de 21 anos, à pedrada e à facada.
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