As obras estão expostas em várias igrejas e em locais de peregrinação como Lourdes, França, e mesmo em Fátima, em Portugal.

O artista esloveno de mosaicos Marko Rupnik é acusado de ter praticado violência psicológica e sexual contra pelo menos 20 mulheres durante um período de quase 30 anos.

De acordo com as alegações, os abusos terão acontecido sobretudo no interior da comunidade que liderava em Liubliana. Já foi expulso da ordem na sequência de confissões que fez relativamente a algumas das alegações.

Mais de 200 das suas obras estão expostas em igrejas de Madrid a Washington, em locais de peregrinação como Lourdes e Fátima, bem como no Vaticano.

As cinco mulheres pediram às dioceses em causa que as suas obras fossem retiradas numa carta publicada na sexta-feira.

Os mosaicos "estão expostos em locais onde cada crente se recolhe em oração... e perturbam as almas dos fiéis", escreveu a advogada Laura Sgro numa carta em nome das mulheres.

"Muitas mulheres que sofreram ferimentos irreparáveis... revivem" o trauma quando são confrontadas com os mosaicos, diz a missiva.

A carta também alegava que Rupnik tinha agredido sexualmente pelo menos uma freira enquanto alguns dos mosaicos estavam a ser montados, ao passo que outras freiras alegavam ter sido agredidas enquanto modelavam para o padre.

Três das mulheres são de Itália, França e Eslovénia, respetivamente. As outras duas preferiram manter o anonimato.

'Prudência'
O diretor de comunicações do Vaticano, Paolo Ruffini, disse na semana passada que não achava que a remoção dos mosaicos fosse a atitude correcta, de acordo com um relatório da revista jesuíta americana America.

"Remover, apagar, destruir arte nunca foi uma boa escolha", disse ele numa conferência em Atlanta.

Mas numa carta publicada na sexta-feira, outro clérigo sénior tem uma opinião diferente.

O Cardeal norte-americano Sean O'Malley, presidente da Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores, apelou à "prudência" na utilização das obras.

O'Malley advertiu contra a exibição de obras de arte "de uma forma que possa implicar a exoneração ou uma defesa subtil" dos alegados abusos, ou indicar indiferença em relação ao que as vítimas de abusos sofreram.

"Devemos evitar enviar uma mensagem de que a Santa Sé está alheia ao sofrimento psicológico que tantos estão a sofrer", disse na carta à Cúria de Roma, datada de 26 de junho.

Em Lourdes, um grupo de reflexão - incluindo bispos, especialistas em arte sacra, vítimas e psicólogos - está a considerar se os mosaicos devem ou não ser removidos. A decisão deverá ser tomada em breve.

Rupnik foi brevemente excomungado em 2020, depois de ter absolvido alguém de ter tido relações sexuais com ele.

Depois de se ter arrependido formalmente, foi reintegrado, mas foi expulso da ordem dos jesuítas - da qual o Papa Francisco faz parte - em junho de 2023.

Em outubro, o Papa Francisco renunciou à prescrição das infracções, abrindo caminho a potenciais processos disciplinares.