“O que quero transmitir aos portugueses é que nós estamos a subir a curva, todos sabemos, e nesta fase vamos mudar a nossa forma de atendimento”. Foi com estas palavras que a diretora-geral da Saúde iniciou a explicação das novas coordenadas no combate à pandemia de Covid-19 em Portugal. Graça Freitas falava na conferência de imprensa desta manhã em que, ao lado do secretário de Estado da Saúde, António Sales.
Numa altura em que o número de casos positivos sobe todos os dias - o boletim de hoje da DGS dá conta de 785 pessoas infetadas - a prioridade das autoridades é garantir que os hospitais não ficam saturados e que a sua capacidade é orientada para as situações de maior gravidade. A todos os outros casos também no tratamento, a indicação é de ficar em casa, acompanhados pelos serviços médicos de proximidade e evitando também assim mais contágios.
Estas são as principais mudanças.
1) Mais doentes em casa e menos no hospital
Com o aumento do número de pessoas infetadas, mais pessoas irão convalescer em casa. Esta regra aplica-se a doentes com “sintomas ligeiros a moderados”, que se estima seja a maioria. “Muitos de nós, vamos ter sintomas ligeiros a moderados. E aqueles de nós que tivermos sintomas ligeiros a moderados devem ligar para o SNS24, e ser seguidos no domicílio, como já está a maioria destes doentes à data".
Os dados apresentados por Graça Freitas são nesse sentido. “”À data de hoje temos 785 casos positivos para Covid-19 e temos 89 pessoas internadas, isto dá que estão em internamento cerca de 15%, números redondos".
2) Acompanhamento pelo médico de família
Os doentes em convalescença em casa serão acompanhados “pelo seu médico de família, pela equipa de saúde familiar, pela sua enfermeira, pelo seu médico assistente, pelos delegados de saúde, pelo que for necessário”, afirmou Graça Freitas.
Antes dela, o secretário de Estado da Saúde, António Sales, já tinha sublinhado o papel dos médicos de família. Os centros de saúde "estão a adaptar-se por todo o país", afirmou, informação que disse ter confirmado "ainda hoje" com o presidente da Associação dos Médicos de Família.
Uma confiança reforçada pela diretora-geral. “Quero deixar esta palavra de tranquilidade: aquelas pessoas que na triagem forem detetadas como pessoas de baixo risco, que têm sintomas ligeiros a moderados, poderão fazer o seu período de doença em domicílio com acompanhamento da sua equipa de saúde".
3) Telefone, não vá
Os utentes com sintomas ligeiros "devem privilegiar o contacto telefónico com os seus centros de saúde", recomendou. Secundado por Graça Freitas: “aqueles de nós que tivermos sintomas ligeiros a moderados devemos ligar para o SNS24, e seremos seguidos no nosso domicílio, como já está a maioria destes doentes à data".
4) Reorganização dos cuidados de saúde primários
Isto significa que em ordem de não sobrecarregar hospitais, as autoridades de saúde estão a convocar a rede de cuidados de saúde primários que envolve associações de doentes, autarquias, Misericórdias e outras IPSS . “Peço que confiem nesta rede”, apelou António Sales.
Para além disso, é com esta rede que as autoridades de saúde contam para o suporte que os doentes crónicos continuam a necessitar. O”s médicos de família já estão a contactar diretamente os doentes com consultas programadas e vão continuar a fazê-lo, bem como continuar a orientar a emissão de receitas, análises e exames”, disse o secretário de Estado.
5) Testes em massa? Pode vir a acontecer
Também no que respeita aos testes de contágio, a estratégia pode ser alterada passando a ser realizados testes em massa na população. Graça Freitas disse que as autoridades têm essa estratégia "em mente”, mas que primeiro é preciso avaliar se há a logística necessária (material de testes) e se o que está a ser feito noutros países aponta nesse sentido. "Sempre fará o teste aquele que mais necessite. Se pudermos alargar, alargaremos"
Para já, os testes continuam a ser feitos às pessoas sintomáticas.
6) As pessoas de risco não devem sair de casa
"Pessoas com mais de 70 anos, pessoas com doenças crónicas, ou seja, diabéticos, hipertensos, insuficientes cardíacos, doentes oncológicos ou outros doentes imunodeprimidos não devem sair de casa", especificou o secretário de Estado da Saúde.
A conferência de imprensa pode ser revista aqui.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) avançou hoje em novo boletim a confirmação de 785 casos do novo coronavírus em Portugal. Há mais 143 casos do que esta quarta-feira, 18 de março.
Onde posso consultar informação oficial?
- https://covid19.min-saude.pt
- https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
- https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx
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