"A comunidade ucraniana está a preparar uma carta que vai entregar, quando [o Presidente] Lula [da Silva] visitar Portugal no 25 de abril e também estamos a pensar em fazer uma manifestação, cujo local ainda não determinámos, para demonstrarmos a nossa posição. Não concordámos com o que Lula disse", afirmou o responsável pela Associação dos Ucranianos em Portugal.
"Esperamos que o Presidente Marcelo [Rebelo de Sousa] e o primeiro-ministro, António Costa, tentem mudar esta posição do Presidente Lula", acrescentou.
Luiz Inácio Lula da Silva defendeu no sábado, no final de uma visita à República Popular da China, que os Estados Unidos devem parar de "encorajar a guerra" na Ucrânia e a União Europeia deve "começar a falar de paz".
"Os Estados Unidos devem parar de encorajar a guerra e começar a falar de paz, a União Europeia deve começar a falar de paz", disse o chefe de Estado brasileiro aos jornalistas, em Pequim, antes de partir para os Emiratos Árabes Unidos.
Para o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, a posição de Lula da Silva mostra “apoio” aos regimes totalitários como a Rússia e a República Popular da China e frisa que não compreende a posição do Partido Socialista.
"Ontem [domingo] assistimos a várias declarações de vários partidos [portugueses] e não percebemos esta posição do PS. Eles concordam com as declarações de Lula", disse ressalvando que "até agora" os políticos portugueses ajudaram a Ucrânia.
Pavlo Sadokha recordou que o primeiro-ministro e o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal visitaram zonas da Ucrânia "onde soldados russos cometeram crimes considerados como crimes de guerra" e, por isso, podem explicar ao Presidente do Brasil "o que realmente está a acontecer".
"Esperamos que isso vai acontecer", disse Sadokha acrescentando que os políticos portugueses podem convencer o Presidente Lula e explicar que foi a Federação da Rússia que começou a guerra contra a Ucrânia e que "não é assim tão simples" terminar o conflito com um acordo de paz".
"O Presidente Lula declarou que a Ucrânia pode ceder a Crimeia [anexada em 2014] ou outros territórios ucranianos à custa da paz. Isso não é solução nem para ucranianos nem para os países europeus. A Rússia não começou esta guerra para ocupar alguns territórios", considerou.
Pavlo Sadokha disse ainda que os ucranianos em Portugal esperavam "mais apoio" do Brasil onde reside "uma enorme comunidade" de cidadãos da Ucrânia.
"Também sabemos que a comunidade ucraniana no Brasil já fez uma carta a Lula porque não concorda com as declarações" do chefe de Estado brasileiro, disse ainda Sadhoka.
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