“A estratégia adotada pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde [DE-SNS] para a vacinação sazonal (…) contra a gripe e contra a covid-19 em farmácias comunitárias não produziu os efeitos esperados, tendo colocado Portugal bastante abaixo da cobertura vacinal alcançada em anos anteriores, quando esta era assegurada pelos centros de saúde”, disse a USF-NA em comunicado.

Analisando os dados disponibilizados pela Direção-Geral de Saúde, a associação observou que, até 20 de novembro de 2023, a cobertura vacinal contra a gripe fixou-se nos 66,38% nas farmácias comunitárias nas pessoas com 80 ou mais anos, em comparação com os 75% registados em 2022, quando a vacinação era feita exclusivamente nos centros de saúde.

Também houve menos pessoas das faixas etárias dos 70 aos 79 anos a serem vacinadas contra gripe, assinalando uma cobertura de 62,32% nas farmácias comunitárias contra 71% contabilizados no ano anterior nos centros de saúde.

Em relação à vacinação contra a covid-19, a USF-AN detetou que houve uma cobertura vacinal de 55,59% nas pessoas com 80 ou mais anos nas farmácias comunitárias face aos 72% verificados nos centros de saúde no último ano.

Já a cobertura vacinal em pessoas entre os 70 e os 79 anos ficou definida nos 62,32% nas farmácias comunitárias, enquanto em 2022 foi de 73% nos centros de saúde.

“Em 20 de novembro de 2023, antes do início das fases mais críticas da gripe, Portugal, pela primeira vez em 5 anos, não tinha taxas de vacinação seguras nem da gripe, nem da covid-19”, apontou.

A USF-AN recordou, no entanto, que a ativação dos centros de saúde para apoio levou a uma “maior vacinação” e a “mais agendamentos nas farmácias (onde estavam as vacinas)”.

“Contudo, perdeu-se o tempo de resposta atempada e aos mesmos níveis dos anos anteriores e perturbou-se a atividade dos Centros de Saúde (que poderiam ter assegurado atempadamente e de um modo programado, como em todos os anos anteriores, uma vacinação de sucesso)”, indicou.

Segundo a associação, “estes dados reforçam que os portugueses confiam na vacinação em contexto das unidades de saúde” dos Cuidados de Saúde Primário, sustentou.

A associação mostrou-se ainda contra estratégias que “em nada contribuem para a saúde e prevenção da doença da população e que, consequentemente, perturbam gravemente o funcionamento dos serviços de saúde do SNS”.

“Reiteramos a convicção de que todo o Programa Nacional de Vacinação e consequentemente qualquer campanha de vacinação sazonal deve estar centrada nos Cuidados de Saúde Primários, não se caindo no erro de apostar em cuidados de saúde desintegrados, em que se perde o valor dos cuidados globais e de proximidade prestados pelas Equipas de Saúde Familiar”, acrescentou.

Mais de 2,2 milhões de pessoas foram vacinadas contra a gripe desde o arranque da campanha de vacinação até ao final do ano, segundo o último relatório da DGS.

A campanha de vacinação da gripe decorre em simultâneo com a da covid-19 e dirige-se a maiores de 60 anos, doentes crónicos, grávidas, profissionais de saúde e os profissionais que trabalhem em lares de idosos.

JML (SO) // FPA

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