Em comunicado, a associação adianta que “é positiva, mas comporta riscos” a aposta nas centrais de biomassa nos municípios, comunidades intermunicipais ou associações de municípios de fins específicos, medida que o Governo quer introduzir no âmbito da reforma das reflorestas.
Segundo a Zero, um dos principais riscos estão ligados ao eventual sobredimensionamento das centrais de valorização de biomassa, que pode “facilmente obrigar à indesejável queima de madeiras de qualidade para dar resposta às necessidades de retorno e de equilíbrio financeiro das entidades gestoras”.
Para a associação ambientalista existe também o risco de não potenciar sinergias entre as centrais de valorização de resíduos de biomassa florestal residual e outras unidades industriais a jusante, designadamente do setor agroalimentar, visando o aproveitamento do vapor produzido e a maximização da eficiência energética do processo.
Como exemplo, refere que a central de biomassa em Mortágua apresenta uma eficiência relativamente reduzida e é exclusivamente utilizada para produção de eletricidade, bem como as duas centrais, entretanto, aprovadas para o Fundão e Viseu.
“Teme-se que a falta de sensibilidade por parte dos decisores públicos e privados inviabilize uma visão integrada dos processos industriais, assente na diminuição de custos operacionais das empresas beneficiárias a agregar e na valorização de áreas industriais promotoras de emprego local”, sustenta.
Nesse sentido, considera que o Governo devia ter ido mais longe, alargando suficientemente o conceito de valorização de resíduos de biomassa florestal e expandindo a existência de unidades industriais de pequena dimensão para produção de 'pellets', fomentando-se o seu uso nacional.
Segundo a Zero, a utilização de 'pellets' em vez de lenha pode contribuir para reduzir a poluição atmosférica, com elevados impactes na saúde humana
Num comunicado, enviado a propósito do Dia Internacional das Florestas, que se assinala na terça-feira, a Zero dá também conta que se associou a 39 organizações europeias para contestar a tentativa da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) de promover a queima de biomassa como ferramenta de combate às alterações climáticas.
Para a associação ambientalista, a FAO ignora “os graves impactes negativos da utilização da biomassa sobre o ambiente, as comunidades locais, a saúde das pessoas, o clima e, sobretudo, sobre as florestas”.
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