"No dia de luto pelas vítimas dos incêndios em Portugal, duas apoiantes do coletivo por justiça climática Climáximo pintaram a fachada da sede da Navigator e bloquearam-na com os seus corpos, segurando cartazes onde se lia 'Fogo posto por governo e empresas' e 'O país arde. Temos de acordar'", refere o grupo em comunicado.

De recordar que esta é a segunda vez esta semana que surgem protestos do grupo na sede da Navigator. No dia 17, ativistas colaram cartazes no edifício.

"As sete mortes desta semana não podem ser consideradas mero fruto da negligência. São o resultado direto de uma ofensiva coordenada entre o Estado, a indústria da celulose, e a indústria fóssil para transformar o interior do nosso país numa câmara de incineração", afirma Alice Gato, estudante de 22 anos, uma das pessoas que esteve sentada em protesto em frente à sede da Navigator.

O grupo afirma ainda que "as empresas de celulose continuam a lucrar com a expansão do eucaliptal, destruição da floresta autóctone e a esconder as suas emissões de gases de efeito de estufa. No verão mais quente desde que há registo, os atuais planos dos governos e das empresas como a Navigator de aumentar as emissões de gases de efeito de estufa e de continuar a vender o interior do nosso país à indústria do papel são um crime violento. Estes incêndios são a crise climática a atingir Portugal em tempo real. Estas mortes têm culpados e esta destruição tem de ser parada"

"Estamos em luto pelas sete pessoas que morreram nos incêndios desta semana, e em luta para que o governo e a Navigator não continuem a matar. Este fogo foi posto pelos governos e empresas que provocaram a crise climática, mas não foram eles que combateram as chamas: foram as pessoas comuns, protegendo-se a si e às outras da destruição que não causaram. Temos de ser nós, as pessoas, a parar o colapso social e climático para o qual eles nos estão a encaminhar", referiu Mariana Rodrigues, trabalhadora de 29 anos e participante no protesto.

O Climáximo apela ainda a que "Pedrógão Grande não seja repetido" e indica que "a única forma de fazer isso é através da mobilização social e de pararmos de consentir com esta destruição que, ano após ano, se repete em Portugal".

Por sua vez, o grupo convoca "todas as pessoas" para a manifestação "O País Arde, Temos de Acordar!" no domingo, 22 de Setembro, às 17h00, em várias localidades: Pedrógão Grande, Coimbra, Braga, Sertã, Lisboa, Torres Novas, Odemira, Vila Nova de Poiares, entre outras.