Após uma marcha de quase 40 minutos, que parou a circulação na zona da rotunda do Relógio, os manifestantes sentaram-se na estrada pelas 16:40, mas sem bloquear o acesso ao aeroporto Humberto Delgado.

A iniciativa promovida pelo movimento ambientalista Climáximo teve início às 15:00 com uma concentração na rotunda do Relógio, seguida de uma marcha em direção ao aeroporto.

Aquando da chegada à zona aeroportuária, os ativistas viram-se impedidos pela Polícia de Segurança Pública (PSP) de terminar a sua ação de protesto no átrio do aeroporto, acabando por se sentar na estrada de um dos acessos, mas sem colocar em causa as partidas e chegadas dos passageiros.

Face a esta situação, o subintendente da PSP Bruno Marques fez um ultimato aos ativistas, dizendo que começaria a dar ordens de dispersão, porque estavam colocar em risco a ordem pública.

A PSP admitiu o uso da força, caso os manifestantes não aceitassem as ordens das autoridades, o que não veio acontecer.

Os ativistas cantavam “Vamos parar os aviões para cortar as emissões”.

Em comunicado, a porta-voz Maria Lourenço afirma que "hoje criámos disrupção na infraestrutura mais poluente e emissora do país com os nossos próprios corpos, demonstrando a força do poder e da democracia popular. O aeroporto é a infraestrutura em Portugal mais responsável pelo agravamento da crise climática, e as empresas da indústria da aviação enchem os bolsos à custa da gentrificação das cidades e da queima do planeta. Além disso, "eles estão a lucrar à custa da destruição planetária: a ANA Aeroportos fechou o ano de 2024 com o lucro histórico de 511 milhões de euros. A construção de um novo aeroporto é um passo em direção ao abismo climático para o qual os governos e as empresas nos querem levar. Em vez disso, o que nós precisamos é de puxar o travão de emergência à crise climática, cortar emissões no setor da aviação até quase zero em 2030, e garantir uma rede de transportes públicos grátis e eletrificados em todo o território", remata.

Francisco Siqueira, porta-voz, afirma também que "precisamos de todas as pessoas para podermos travar a crise climática. Independentemente das nossas origens, profissões, idades, etc, todos queremos viver uma vida justa e digna num planeta habitável. Este sistema já tornou claro que nos vai mandar para o abismo climático, como é o caso do consenso parlamentar em torno da construção de um novo aeroporto. Ninguém nos vem salvar: temos de ser nós, as pessoas comuns, a unirmo-nos e construirmos o poder popular para travar a barbárie da catástrofe climática e social".

Durante a assentada, a Climáximo confima que pelo menos 4 pessoas foram detidas, e 3 foram identificadas, no interior do aeroporto. De acordo com Maria, "sabemos que o sistema se tenta defender a si mesmo cada vez que as pessoas comuns tomam ação. Mas não recuaremos: a luta pelo clima e pela vida é urgente".

O protesto segue agora em formato vigília em frente à esquadra dos Olivais, onde dezenas aguardarão em solidariedade a libertação das pessoas detidas. "Convocamos todas as pessoas a aparecerem em solidariedade, na vigília, e a entrarem em resistência climática", diz a porta-voz.