Em declarações à agência Lusa, Inês de Medeiros contesta também o facto de os autarcas de Almada e do Seixal não terem sido ouvidos sobre esta matéria, quando têm competência na gestão dos equipamentos.

De acordo com o despacho da Administração Central do Sistema de Saúde, publicado em 27 de dezembro, foi aberto pelo prazo de cinco dias úteis o procedimento concursal para o recrutamento de 240 médicos das áreas de medicina geral e familiar e de saúde pública com as vagas para várias Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e Unidades de Saúde Familiar (USF) espalhadas pelo país.

Das 240 vagas abertas, 225 são para a especialidade de medicina geral e familiar e 15 para a especialidade de saúde pública. Para a Unidade Local de Saúde Almada-Seixal foi aberta apenas uma das 14 vagas pedidas.

“Claro que vejo com grande preocupação esta decisão do Governo. A ULS pede menos de metade das suas necessidades reais. Pede 14 quando eram 30 que eram necessários e desses 14 apenas vem um que nem sequer fica em Almada”, disse, adiantando não perceber o racional da medida, uma vez que o concelho de Almada “está em franco crescimento” e já tem uma carência grande.

Inês Medeiros explicou que em causa estão 180 mil utentes para 98 médicos de família o que significa que quase 19 mil utentes continuam sem médicos de família.

“Mais uma vez não fomos consultados para nada e isso tem sido uma recorrência deste Governo. Não consulta sequer os autarcas. Embora estes não tenham competências na colocação de médicos têm na gestão dos espaços de saúde”, disse.

Segundo a Unidade Local de Saúde Almada-Seixal (ULSAS) existem nesta ULS três médicos recém-especialistas em Medicina Geral e Familiar que manifestaram a sua pretensão de integrar os quadros, tendo a unidade local de saúde solicitado à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) a revisão do número de vagas a serem atribuídas.

Um outro despacho publicado em Diário da República no dia 26 de dezembro, data anterior ao diploma que abriu o concurso, fixou o número máximo de postos de trabalho a preencher nos mapas de pessoal dos órgãos, estabelecimentos ou serviços sob tutela ou superintendência do Ministério da Saúde, para as áreas de medicina geral e familiar, saúde pública e hospitalar.

De acordo com este diploma, existem ao todo seis ULS com apenas uma vaga de Medicina Geral e Familiar atribuída de um total de 225 abertas: Barcelos/Esposende, Gaia e Espinho, Tâmega e Sousa, Gaia e Espinho, Almada-Seixal e Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro.