“Nós, em Portugal, devemos acreditar que os especialistas fazem o melhor trabalho possível”, referiu Nuno Canta (PS) em declarações à agência Lusa, referindo que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que emitiu na terça-feira uma DIA favorável à construção do novo aeroporto, é “independente dos Governos e das autarquias”.
O autarca falava na sequência do anúncio de oito associações ambientalistas que vão recorrer aos tribunais para travar a construção do novo aeroporto no Montijo, no distrito de Setúbal, por defenderem que a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) “tem insuficiências graves” e não considera devidamente o impacto sobre os valores naturais, saúde pública e populações.
“É um trabalho que desejam fazer e certamente estarão com a convicção de que assim terão sucesso, mas penso que nesta fase já é difícil que essas questões possam ser reequacionadas”, considerou Nuno Canta.
O risco de colisão entre aves e aviões tem estado no centro do debate, mas, segundo o autarca, “as soluções encontradas são efetivamente as adequadas”, nomeadamente a reabilitação das salinas.
“Comparando com a questão que aconteceu com a Ponte Vasco da Gama, com as salinas do Samouco, verifica-se que há mais aves e que conseguimos ter mais capacidade de acolhimento de vida selvagem”, indicou.
Para Nuno Canta, a viabilização projeto foi uma “grande satisfação”, até porque se trata de um “elemento fundamental na região de Setúbal e Lisboa, que assenta na criação de emprego, riqueza e menor dependência de Lisboa em termos de emprego”.
Por agora, indicou, há apenas algumas “arestas a limar” em relação ao cumprimento das medidas propostas, nomeadamente sobre o ordenamento do território e acessibilidades.
Além disso, defendeu também a criação de um oleoduto no concelho para o abastecimento dos aviões, uma medida que não está contemplada na DIA, mas que seria um “elemento fundamental”.
A APA confirmou na terça-feira a viabilidade ambiental do novo aeroporto no Montijo, projeto que recebeu uma decisão favorável condicionada em sede de DIA.
A Agência Portuguesa do Ambiente impôs que sejam cumpridas medidas - relacionadas com a avifauna, ruído, mobilidade e alterações climáticas – para "minimizar e compensar os impactes ambientais negativos do projeto, as quais serão detalhadas na fase de projeto de execução".
Esta decisão mantém cerca de 160 medidas de minimização e compensação a que a ANA - Aeroportos de Portugal "terá de dar cumprimento", as quais ascendem a cerca de 48 milhões de euros, adianta a nota da APA.
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