Para “mostrar um bairro que existe numa zona esquecida da cidade do Porto”, o cabeça de lista do PS à Câmara do Porto passou hoje pelo bairro do Leal, localizado na União de Freguesias do Centro Histórico do Porto.

“Temos aqui uma zona da cidade que está completamente abandonada e esquecida”, afirmou o candidato socialista, destacando que naqueles “imóveis em ruínas” vivem pessoas sem água, luz, saneamento e “qualquer tipo de conforto para viver no século XXI”.

Depois de bater a algumas portas sem resposta, Tiago Barbosa Ribeiro caminhou pelo bairro e passou por casas, ora sem janelas, ora sem teto, ora sem portas e onde um dos moradores, recorrendo a uma escada, se empoleirou para entrar por uma das janelas.

“Temos aqui dezenas e dezenas de imóveis que estão neste momento ao abandono, na sua maioria municipais, e que foram enquadrados no Invesurb [Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado criado em 2010 para gerir o projeto do bairro do Aleixo] e entregues ao município”, referiu.

Para o socialista, a solução passa por intervir nos terrenos municipais e ali “construir habitação a arrendamento acessível”, mas também investir em equipamentos sociais.

“Precisamos de fazer o caminho inverso. Precisamos de ter pessoas a morar no centro do Porto e é possível, como se vê aqui, largas dezenas, senão centenas de pessoas, poderem morar aqui”, defendeu, acrescentando, em tom de ironia, que existe uma “ligeiríssima preocupação por parte da Câmara Municipal do Porto”.

“À entrada na rua principal estava um ‘graffiti’ que dizia ‘Aqui fica a vergonha do Porto’. Podemos ver hoje que essa parede foi pintada de fresco, certamente que foi pela Câmara do Porto, cuja única intervenção que fez aqui na zona foi apagar aquele ‘graffiti’. Isso diz muito sobre as preocupações da Câmara do Porto e da sua relação com a cidade”, criticou.

Numa zona, que defendeu estar “votada ao abandono”, Tiago Barbosa Ribeiro encontrou pelo caminho uma moradora que, com o “sonho de morar no centro do Porto”, construiu há cerca de oito anos ali casa.

“Viemos cumprir um sonho que não é possível, que é viver no centro do Porto. Estamos a lutar contra a corrente. Infelizmente vivo aqui, no meio disto”, afirmou a jovem médica de família.

Apontando como principais constrangimentos a “falta de iluminação e limpeza”, a par da insegurança, a moradora disse ainda não perceber “como é que há pessoas a viver naquelas casas”, referindo-se a uma série de habitações “em ruínas”.

O candidato socialista encontrou também Joaquim Costa, de 50 anos, e também morador naquele bairro, que tem vindo a “lutar por arranjar um quarto”.

Em conversa com Barbosa Ribeiro, o morador contou ter ajudado a arranjar “uma solução” para outro dos moradores, que, com 58 anos, tuberculose e hepatite, ali vivia, mas “hoje foi levado por assistentes sociais da freguesia”.

Quanto às pessoas que lá vivem, o socialista defendeu ser preciso “analisar com rigor” cada situação, uma vez que algumas ocuparam “de forma indevida” as habitações.

“Esse é um problema que tem de ser enquadrado com o reforço de oferta de habitação social para quem tem essa necessidade na cidade. O que vemos ali atrás é absolutamente indigno”, afirmou.

São candidatos à presidência da Câmara do Porto, nas eleições de domingo Rui Moreira (movimento independente "Rui Moreira: Aqui há Porto" - apoiado por IL, CDS, Nós, Cidadãos!, MAIS), Tiago Barbosa Ribeiro (PS), Vladimiro Feliz (PSD), Ilda Figueiredo (CDU), Sérgio Aires (BE), Bebiana Cunha (PAN), António Fonseca (Chega), Diogo Araújo Dantas (PPM), André Eira (Volt Portugal), Bruno Rebelo (Ergue-te) e Diamantino Raposinho (Livre).