"No âmbito das linhas orientadoras para a Covid-19 e outras infeções por vírus respiratórios no outono-inverno 22/23, inicia-se no próximo dia 7 a campanha de vacinação sazonal que decorrerá simultaneamente para a Covid-19 e para a gripe", anunciou Graça Freitas.

A administração das vacinas vai ocorrer nos centros de saúde e nos centros de vacinação, estando previstos "pelo menos 397 pontos de vacinação" de norte a sul do país, nos lares de idosos e nas residências das pessoas acamadas.

De acordo com o coronel Carlos Penha-Gonçalves, responsável pelo Núcleo de Coordenação de Apoio ao Ministério da Saúde, a campanha de vacinação de outono é dirigida a "três milhões de pessoas" e tem um período previsto de 100 dias, prevendo-se que termine a 17 de dezembro. Ao todo, vai ser possível vacinar 280 mil pessoas por semana, garantiu.

A diretora-geral da Saúde frisou também que "nesta campanha, e desde o início, vão ser usadas as vacinas adaptadas contra a Covid-19, contendo a estirpe original e a variante Ómicron, aprovadas ontem pela EMA [Agência Europeia de Medicamentos], dado que estas vacinas tem o perfil de eficácia e segurança adaptado às atuais variantes de Sars-COV-2 em circulação". Estas novas vacinas deverão chegar a Portugal a 6 de setembro.

"O início da campanha realiza-se vacinando as pessoas com 80 ou mais anos de idade e as pessoas com doenças, com comorbilidades", continuou a responsável.

"Nesse sentido, a DGS ouviu a Comissão Técnica de Vacinação Covid e outros peritos, nomeadamente peritos relacionados com a área da gripe, e recomenda a vacinação sazonal contra a Covid-19 e contra a gripe para as populações de maior risco", sublinhou Graça Freitas, dizendo ter o "objetivo de maximizar a sua proteção nos próximos meses".

Estes são os grupos que deverão ser vacinados contra a covid-19:

  • Pessoas com 60 ou mais anos de idade;
  • Residentes e profissionais em estabelecimentos residenciais para idosos e na Rede Nacional de Cuidados Continuados;
  • Pessoas com 12 ou mais anos de idade com patologias de risco, definidas numa norma;
  • Grávidas com 18 ou mais anos de idade com doenças também já definidas;
  • Profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados;

Quem tem o esquema vacinal completo, leva a vacina sazonal com "pelo menos três meses de intervalo desde a última dose ou infeção, para garantir que ninguém fica desprotegido". No entanto, Graça Freitas ressalvou que as pessoas elegíveis para receber esta vacina sazonal, "fazem apenas esta dose, independentemente dos reforços efetuados no passado". O que conta, portanto, é ter feito o esquema vacinal primário, e não os reforços subsequentes.

No entanto, para quem não tem o primeiro esquema vacinal —ou seja, quem não levou as duas vacinas iniciais contra a Covid-19 —, as "únicas vacinas aprovadas são as originais".

Graça Freitas explicou que, ao mesmo tempo, será realizada a campanha de vacinação gratuita contra a gripe, mas os grupos mudam ligeiramente:

  • Pessoas com 65 ou mais anos de idade;
  • Residentes e profissionais em estabelecimentos residenciais para idosos e na Rede Nacional de Cuidados Continuados;
  • Pessoas a partir dos seis meses de idade com patologias de risco, definidas numa norma;
  • Grávidas, sem limite de idade;
  • Profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados;

Conforme já decorreu no passado, estas duas vacinas estão recomendadas em co-administração, ou seja, "quem queira, e é o que recomendamos, serão dadas na mesma oportunidade de vacinação em membros distintos, ou seja, uma no braço direito e outra no esquerdo".

"Esta prática de administrar as duas vacinas ao mesmo tempo é segura e eficaz", garantiu Graça Freitas.

Quanto à vacina da gripe, a diretora-geral da Saúde informou que será usada "pela primeira vez, uma vacina de dose elevada, com uma composição antigénica quatro vezes superior à fórmula padrão, o que lhe confere uma eficácia superior". Esta vacina, porém, será apenas utilizada "nos mais vulneráveis, ou seja, nos residentes em lares de idosos.

O anúncio desta estratégia foi adiantado na semana passada pela ministra da Saúde cessante, Marta Temido, defendendo que plano de vacinação contra os dois vírus pretende ser uma resposta sobretudo destinada à população mais vulnerável, num contexto em que o Governo antecipa “um aumento da procura de serviços de saúde” nos próximos meses.

Na antevisão à divulgação deste plano, Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos, disse ao SAPO24 que avançar com a dupla vacinação nesta fase seria “incorrer em dois erros”.

Se por um lado estamos a “vacinar cedo de mais, porque a eficácia das vacinas dura três, no máximo, quatro meses — em dezembro já está a perder eficácia, quando o pico da gripe é entre dezembro e fevereiro" — , por outro, vamos o bastonário temeu a utilização de uma versão da vacina para a Covid que dentro de um mês "vai estar ultrapassada", porque, à data da conversa, estava a ser desenvolvida "uma nova fórmula", apontou no podcast “O Sapo e o Escorpião”.

Em relação ao segundo ponto, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla inglesa) recomendou esta quinta-feira a autorização de duas vacinas adaptadas para reforçar a proteção contra a covid-19, nomeadamente a variante Ómicron do vírus.

As vacinas Cominarty (Pfizer/BioNTech) e a Spikevax (Moderna), na versão atualizada e adaptada para proteção também contra a variante Ómicron, são recomendadas para reforço da vacinação de pessoas a partir dos 12 anos, na União Europeia (UE).

“Iremos agora proceder a uma autorização acelerada destas vacinas para assegurar que possam ser rapidamente implantadas em toda a UE”, garantiu, em comunicado, a comissária europeia para a Saúde, Stella Kyriakides.

Nesta apresentação, a diretora-geral da Saúde adiantou que, em relação à covid-19, Portugal encontra-se numa situação epidemiológica “considerada estável” e com elevada cobertura vacinal, o que tem permitido “manter a proteção da população”.

Apesar disso, “sabemos que, com o passar do tempo, pode existir uma diminuição da proteção conferida pela vacina contra a covid-19”, ao que se junta a possibilidade de alterações nas estirpes dos vírus da gripe em circulação em cada período de outono e inverno, salientou Graça Freitas.

A diretora-geral apelou à vacinação nesta campanha, como forma de proteção contra formas graves de doença da covid-19 e da gripe.

“Não nos podemos esquecer que as vacinas salvam vidas. O conselho que damos a todos é que, neste outono-inverno, podem e devem vacinar-se. Estão criadas todas as condições científicas e logísticas para que isso possa acontecer”, sublinhou a responsável da Direção-Geral da Saúde.

*com Lusa

[Notícia atualizada às 16:49]