Khan, um ex-jogador internacional de críquete, não foi autorizado a concorrer às eleições legislativas de fevereiro, que ficaram marcadas por alegações de fraude. Mas o seu partido, o Movimento Paquistanês pela Justiça (MPJ), quer mostrar que ainda pode mobilizar muitas pessoas contra o Governo, formado graças ao apoio do exército.
Os apoiantes do MPJ começaram a dirigir-se para Islamabad na sexta-feira, a partir da sua base, na província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do país, mas foram confrontados com bloqueios de estradas feitos de contentores e com saraivadas de gás lacrimogéneo.
Ainda assim, pequenos grupos pequenos conseguiram reunir-se hoje na capital para desafiar o Governo, que decidiu enviar tropas para as ruas, argumentando com a necessidade de garantir a segurança antes da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai, marcada para dia 15.
“Estou muito orgulhoso pelo nosso povo”, disse Khan, numa mensagem publicada hoje na rede social X, acrescentando que as pessoas “mostraram uma resiliência e coragem inabaláveis ao assumir o controlo ontem [sexta-feira] e ao superar obstáculos incríveis”.
Um protesto estava também previsto para hoje em Lahore, mas a principal autoestrada que liga a megacidade oriental à capital foi bloqueada.
Os cortes nas comunicações e os bloqueios de estradas “minam os direitos das pessoas à liberdade de expressão, ao acesso à informação, à reunião pacífica e ao movimento”, contestou a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional.
“Estas restrições fazem parte de uma preocupante repressão do direito de protesto no Paquistão”, acrescentou, em comunicado hoje divulgado.
Nascido faz hoje 72 anos, Imran Khan foi primeiro-ministro do Paquistão entre 2018 e 2022, e defendeu, durante o seu mandato, a chamada lei da blasfémia, que determina punições que podem ir até prisão perpétua ou morte para quem deprecie Maomé.
Embora tenha prometido uma campanha anticorrupção, a perceção de corrupção no Paquistão piorou enquanto foi chefe do Governo e acabou por perder o controlo das forças armadas, poderosa instituição no país.
Está preso há cerca de um ano e viu-se envolvido numa série de julgamentos que, segundo garantiu, foram orquestrados para impedir o seu regresso ao poder.
Impedido de se apresentar às eleições, Khan assumiu-se como líder da oposição, liderando uma campanha de desafio ao Governo sem precedentes.
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