Na semana em que arrancam as provas de aferição, que este ano passam a ser em formato digital, o presidente do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) revelou que esta mudança permitirá também alterar a forma de corrigir os testes, assim sendo os professores deixarão de se preocupar com os itens de seleção, que constituem em certas disciplinas "quase metade" da prova, porque estes serão corrigidos automaticamente pelo sistema informática.
O plano definido pelo Ministério da Educação e implementado pelo IAVE é que até 2025 desapareçam os enunciados em papel e todas as provas e exames nacionais passem a ser digitais.
Segundo o presidente do IAVE, em declarações à LUSA, Luís Pereira dos Santos, os professores classificadores deixarão de se preocupar com os itens de seleção - que em algumas disciplinas “chegam a representar metade” da prova - porque estes “serão classificados automaticamente” pelo sistema informático.
Além disso, em vez receberem resmas de provas para avaliar de uma ponta à outra, passam a ficar responsáveis pela correção de apenas “dois ou três itens” específicos: “Especializam-se naqueles itens e têm muito presente os critérios de classificação, o que vai aumentar a fiabilidade da aplicação de critérios. Isto torna a fiabilidade da classificação muito maior”, explicou.
Além disso, acrescentou, algumas perguntas poderão vir a ser escolhidas aleatoriamente para serem alvo de uma “dupla ou tripla classificação”. O processo é simples: Quando os resultados do segundo classificador corroboram o primeiro, o caso “fica por ali”, senão segue para um terceiro classificador e ainda pode ir ao supervisor que verá “afinal, quem é que tem razão”.
O IAVE testou este modelo no ano passado, com o projeto-piloto feito com as provas de aferição, e concluiu que “o processo é mais eficiente” e permite “aumentar e melhorar a equidade entre os alunos”.
O presidente do IAVE garantiu ainda que as mudanças não irão trazer mais trabalho para os classificadores, até que desaparecem tarefas burocráticas como “trancar as provas”, que retiravam “quase uma manhã inteira” de trabalho aos professores” que tinham de riscar todas as linhas em branco das provas.
Também desaparecem as cotações na faixa lateral das provas e acabam as viagens ao agrupamento de exames para levantar e depois entregar as provas.
Nas escolas, vão deixar de aparecer os carros da polícia que chegavam às 06:30 ou às 07:00 para entregar os sacos com as provas, o que representa também uma redução da pegada ambiental.
“Nós fazemos todos os anos cerca de um milhão de provas, desde provas de aferição aos exames nacionais do 12.º ano”, contou, salientando que são “toneladas de papel” que deixarão de ser impressas para pouco depois irem para o lixo.
Há ainda uma poupança nos cofres do Estado que, “grosso modo, anda entre os 1,5 milhões e dois milhões de euros”, sendo que posteriormente serão precisos para investir em equipamento, concluiu.
Este ano, as provas de aferição dos mais de 250 mil alunos do 2.º, 5.º e 8.º anos serão em formato digital, ficando de fora provas como Educação Física. No próximo ano, será a vez de todas as provas finais do 9.º ano deixarem de ser em papel e em 2025 serão os alunos do secundário a trocar a esferográfica pelo teclado.
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