Em entrevista à agência Lusa, Ana Rita Cavaco considera que a forma como as administrações regionais de saúde têm gerido os ‘stocks’ de vacinas da gripe não é correta e indica que chega a haver “pessoas em lista de espera para serem vacinadas nos centros de saúde”.
“Que não se repita o que se repete todos os anos, que é um racionamento da vacina da gripe, sistematicamente. Depois, no final da época gripal, quando não é necessário vacinar tanta gente, é que se escoa para os centros de saúde o resto do ‘stock’ e depois as vacinas vão para o lixo e é um desperdício de dinheiro”, afirma a bastonária.
Segundo a representante dos enfermeiros, os profissionais dos centros de saúde fazem os pedidos de vacinas às administrações regionais de saúde consoante as necessidades, mas muitas vezes são enviadas menos vacinas do que as que são solicitadas.
“Os mesmos erros ocorrem ano após ano”, refere Ana Rita Cavaco, para quem a gestão dos ‘stocks’ é feita por pessoas que não estão “no terreno”, mas que já deviam saber que os enfermeiros que estão nos serviços de vacinação é que sabem quais as necessidades.
Além de um correto planeamento dos recursos materiais, a bastonário pede um “planeamento na contratação de enfermeiros”, sublinhando a necessidade de ter um contingente extraordinário de profissionais para fazer face à época gripal.
A vacinação contra a gripe vai começar dia 15 deste mês e o Serviço Nacional de Saúde terá 1,4 milhões de doses de vacinas para administrar.
A vacinação vai começar cerca de duas semanas depois do que tem sido habitual, para garantir uma “melhor e maior proteção durante o período da epidemia de gripe”, que em Portugal tem início habitualmente na segunda quinzena de dezembro, explicou a Direção-geral da Saúde numa nota divulgada na semana passada.
No Serviço Nacional de Saúde a vacina vai continuar gratuita para pessoas com mais de 65 anos, para residentes ou internados em instituições, para os bombeiros e para pessoas com algumas doenças específicas. Nestes casos, a vacina não necessita de receita médica e dispensa também pagamento de taxa moderadora.
Além das 1,4 milhões de doses adquiridas para o Serviço Nacional de Saúde, haverá também vacinas dispensadas nas farmácias através de prescrição médica, com uma comparticipação de 37%.
As receitas médicas específicas para a vacina da gripe passadas desde o dia 1 de julho terão validade até final do mês de dezembro.
A gripe é uma doença contagiosa e que geralmente se cura de forma espontânea. As complicações, quando surgem, ocorrem sobretudo em pessoas com doenças crónicas ou com mais de 65 anos.
A DGS considera a vacinação a melhor forma de prevenir as complicações graves e recomenda que as vacinas sejam administradas de preferência até final do ano.
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