"Sabem qual é na verdade o problema da extrema-direita? É que não gosta de Portugal. Portugal é sardinha assada nos Santos [populares], é 'kebab', é cachupa. Portugal é comovermo-nos com o fado da Amália e com o golo do Éder. Portugal é toda esta diversidade e é esta diversidade de que nós gostamos, que celebramos, que nós representamos e que defendemos", defendeu Catarina Martins.
Num comício na Baixa da Banheira, município da Moita, em Setúbal, a 'número um' do BE para as eleições europeias de 09 de junho fez uma intervenção dirigida à extrema-direita a nível europeu e nacional, com ataques ao Chega.
"Queria dizer-vos muito claramente aquilo sobre que é esta campanha. É sobre como somos como país e como Europa. E com uma certeza: que os imigrantes são bem-vindos, as crianças de todas as nacionalidades são bem-vindas, que o discurso racista de Tânger Correia e André Ventura é que não são bem-vindos e que não aceitamos aqui", atirou ao cabeça de lista do Chega nestas europeias e ao presidente daquele partido.
Catarina Martins disse gostar de um país "que caminha para a igualdade com tanta diversidade".
"E estas eleições europeias são sobre isso: se queremos fazer um caminho de retrocesso a ódios ou divisões, ou se nos orgulhamos da diversidade que somos. E não é só não querer recuos, queremos avanços sim, para os direitos de todas as pessoas. Para que todas as pessoas sejam respeitadas, sejam merecedoras do mesmo tratamento digno e para que tenhamos salários justos, casas que possamos pagar, serviços de saúde que nos sirvam, educação, cultura", sustentou.
Numa intervenção de cerca de 15 minutos, a candidata ao Parlamento Europeu e antiga coordenadora do BE tentou explicar que a União Europeia influencia projetos como o de uma escola multinacional no Monte de Caparica ou a companhia de teatro “O Bando”, que visitou hoje.
“Quando há quem nos diz que todo o dinheiro tem que ir para armas, nós diremos que sem cultura, sem ciência, educação, não somos nada”, defendeu.
Catarina Martins afirmou que entre 2011 e 2023 saíram de Portugal um milhão e 100 mil pessoas e entraram 600 mil, questionando: “Digam lá de quem devíamos estar a falar mais? De quem entra ou de quem sai?”.
A bloquista salientou que muitas vezes as razões dessas saídas estão associadas aos baixos salários, num país com “preços alemães na conta do supermercado e da luz”.
Em nova crítica a André Ventura, Catarina Martins defendeu que “a única porta escancarada” em Portugal “são os vistos gold”, cujo regresso o Chega defende, acrescentando que também na habitação, a extrema-direita “escolhe sempre proteger os grandes especuladores”.
A nível internacional, Catarina Martins afirmou que a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, “recebeu durante um ano um generosíssimo empréstimo de 9,4 milhões de euros” do regime do seu “amigo” Vladimir Putin, presidente da Federação Russa.
“Quem é amigo? Estes são os amigos de André Ventura, é aqui que estão com o dinheiro de Vladimir Putin. Tudo o resto é fogo-de-artifício para ver se não lhes descobrimos a careca”, acusou.
Momentos antes, a antiga eurodeputada Marisa Matias subiu ao púlpito para deixar críticas a PS e PSD sobre o Pacto para as Migrações e Asilo da União Europeia.
“Que venham agora os candidatos às europeias da Aliança Democrática [Sebastião Bugalho] e do PS [Marta Temido] dizer que são contrários ao pacto, pedimos desculpa, é demasiado tarde. Quando foram decisivos para impedir que se tornasse letra de lei não contámos com eles e sabemos que não vamos contar”, criticou.
Marisa Matias insistiu no reconhecimento do Estado da Palestina, falando num genocídio que tem o Estado português como “cúmplice”.
Alertando que “nada está escrito ou definido”, a antiga eurodeputada entre 2009 e 2019, apelou à mobilização de todos para o voto.
“Votar em quem não precisa de ter um ego gigante, só precisa de ter os ouvidos abertos e um coração grande para que lá caiba tudo”, afirmou.
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