Durante esta ação do Bloco de Esquerda (BE) foi pendurada no edifício, que é parte do Palácio Pombal, na Rua de O Século, em Lisboa, uma faixa onde se lê: "Aqui podia haver residências universitárias".
"Aquilo que o BE defende é que este edifício, como muitos outros nestas circunstâncias, possam transformar-se em residências universitárias. Esta transformação pode acontecer imediatamente, não tem de ser no futuro a longo prazo, pode acontecer no próximo ano letivo, desde que sejam feitas obras de recuperação", declarou Mariana Mortágua aos jornalistas.
A coordenadora do BE referiu que este "é um palácio com muita história", onde nasceu o Marquês de Pombal, e está dividido em três partes: uma parte de privados, "licenciada para hotel de luxo", outra da Câmara Municipal de Lisboa, e outra do Estado, do Instituto Politécnico de Lisboa, onde esteve instalada a Escola Superior de Dança.
Na parte que é do Estado, "já foi tentada uma venda para ser habitação de luxo várias vezes, e só não é habitação de luxo porque ainda não foi vendido", acrescentou.
Segundo Mariana Mortágua, a oferta do alojamento estudantil diminuiu no país em geral, "em Lisboa, por exemplo, o número de quartos disponíveis reduziu 60%", porque "as casas que eram destinadas a aluguer de quartos a estudantes estão neste momento a ser destinadas a alojamento local, a turismo de curto prazo, a turismo e a aluguer para nómadas digitais, ou foram vendidas para habitação de luxo".
A coordenadora acusou o Governo do PS de ter ajudado a este processo "com incentivos fiscais aos nómadas digitais, com incentivos à habitação de luxo, com incentivos a não residentes endinheirados que aqui vêm comprar casas e sem qualquer regra para o alojamento local", e de não dar resposta ao problema dos estudantes.
"E por isso estamos aqui hoje a apontar uma das soluções. Há edifícios públicos que podem ser reabilitados e reutilizados como residências estudantis. Estamos em frente a um", afirmou.
"Estamos a dar um exemplo concreto de um edifício público que pode em muito curto espaço de tempo ser transformado numa residência estudantil, ajudando a resolver o problema da habitação dos jovens nas grandes cidades", reforçou.
Mariana Mortágua considerou incompreensível que "o próprio Governo tenha marcado passo na identificação do património que pode ser reabilitado" e disse que "o BE tem estado a fazer esse trabalho em Lisboa".
"Ao longo desta campanha vamos ter outras ações que identificam e apontam outros imóveis muito em concreto que estão na posse do Estado e que com algumas obras de reabilitação, alguns até sem obras de reabilitação, podem ser imediatamente disponibilizados para servir habitação a custos controlados ou residências estudantis", prometeu.
Interrogada sobre a possibilidade de um entendimento com os socialistas a seguir às legislativas de 10 de março, a coordenadora do BE respondeu que o que importa "é se existe ou não existe uma maioria para pegar neste edifício e transformá-lo numa residência universitária" e pediu "propostas concretas".
"A uma semana do início dos debates, o PS, o PSD não apresentaram os seus programas eleitorais", criticou.
Interrogada sobre a situação política na Madeira, Mariana Mortágua reiterou que deve haver "eleições antecipadas tão rapidamente quanto possível" e associou as investigações judiciais em torno do Governo Regional ao "outro lado da crise da habitação", que "são os negócios imobiliários, os favorecimentos".
Sobre o Governo que irá resultar das eleições regionais de domingo nos Açores, manifestou-se certa de que, perante um acordo entre o PSD e o Chega, "os eleitores tirarão as suas conclusões".
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