Num testemunho emocionado, o pai, o português Márcio Gomes, garantiu que o filho "estará sempre connosco", ao mesmo tempo que foram projetadas num ecrã gigante uma ecografia e fotografias de vários momentos da família, incluindo do funeral de Logan.
A homenagem foi feita esta amanhã, numa sessão dedicada a lembrar pela voz de familiares e amigos as vítimas do incêndio, considerado o mais grave num edifício de habitação no Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial.
O casal de portugueses vivia no 21.º andar com duas filhas menores, tendo conseguido escapar com vida ao descer as escadas, mas Andreia Gomes e uma das filhas ficaram gravemente intoxicadas devido à inalação de fumo e foram hospitalizadas durante vários dias.
O nascimento de Logan Gomes estava previsto para 21 de agosto de 2017, mas foi dado oficialmente como nado morto a 14 de junho e considerado pelas autoridades uma das vítimas do incêndio.
Márcio Gomes referiu como o filho era bastante aguardado pela família e que, por ser um menino, queria partilhar com ele as paixões por jogos de consola e pelo futebol, pretendendo fazer dele um adepto dos seus clubes de eleição, Benfica e Liverpool.
Ao mostrar fotografias do bebé vestido antes do funeral, confiou: "Ele parecia estar a dormir. Pelo menos pudemos abraçá-lo e estar com ele".
Em declarações à agência Lusa, Andreia Gomes considerou "uma ideia brilhante" as homenagens às vítimas na abertura do inquérito hoje numa sala de um hotel em Londres.
"Não é apenas associar as caras à tragédia. Todos tinham uma história e para fazer justiça temos de saber quem eram e como eram eles", afirmou.
Sobre o resultado do inquérito, espera que "seja feita justiça ao sofrimento daqueles que morreram e daqueles que perderam os seus próximos", identificando as pessoas e as causas que contribuíram para que o incêndio fosse tão devastador.
As homenagens às vítimas, que esta manhã também incluíram Denis Murphy e Mohamed Amied Ned, vão prolongar-se durante vários dias, seguindo-se as audiências com testemunhas e especialistas.
O inquérito vai examinar as circunstâncias que deram origem ou relacionadas com o incêndio da Torre Grenfell, procurando estabelecer os factos e identificar recomendações para evitar que uma tragédia semelhante volte a acontecer.
Os procedimentos serão conduzidos pelo juiz aposentado Martin Moore-Bick, que vai analisar documentos e escutar testemunhos para, no final, produzir um relatório que será entregue ao governo, eventualmente no final deste ano.
O incêndio na Torre Grenfell terá começado pelas pouco antes da uma da manhã num frigorifico defeituoso e alastrado aos pisos superiores devido ao revestimento inflamável.
Entre os sobreviventes encontram-se outros seis portugueses, Miguel e Fátima Alves e os dois filhos, que viviam no 14.º andar, e outros dois amigos portugueses, residentes no mesmo andar mas num apartamento vizinho.
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