Este ano, o tom político e de críticas aos problemas do Brasil ganhou grande espaço no Sambódromo Sapucaí, onde as escolas de samba desfilaram.
Com o desfile nomeado de “Monstro é aquele que não sabe amar! Os Filhos abandonados da Pátria que os Pariu”, a Beija Flor fez um paralelo entre o romance Frankenstein e a situação atual do Brasil, um país marcado pela corrupção, a desigualdade, o aumento da violência e da intolerância religiosa.
A Beija-Flor reproduziu no seu desfile cenas de crianças presas entre tiroteios filmadas em escolas públicas, menores vítimas de balas perdidas dentro de caixões, pais a carregar os corpos de filhos feridos e jovens a apontar armas à cabeça das vítimas.
Em segundo lugar ficou a Paraíso do Tuiuti, escola de samba que questionou se a escravidão realmente terminou no Brasil e criou uma grande empatia com o público no Sambódromo ao criticar de forma severa as formas de escravidão do passado e as modernas.
Um carro alegórico da Paraíso da Tuiuti apresentou o Presidente brasileiro, Michel Temer, como um vampiro neoliberal como destaque principal, o que gerou grande polémica.
A comissão de frente desta escola também chamou atenção ao reproduzir cenas dos escravos a serem agredidos pelos feitores e depois a serem abençoados por entidades tradicionais africanas, os pretos velhos.
Em terceiro lugar ficou a escola de samba Salgueiro, que fez uma homenagem às mulheres negras africanas e trouxe como destaque muitos integrantes da escola com o rosto pintado de preto.
A Portela, quarto lugar no concurso, levou ao Sambódromo um enredo aludiu aos refugiados e imigrantes ao contar a história de judeus que se refugiaram em Pernambuco, na época da dominação holandesa no nordeste do Brasil.
Em quinto lugar ficou a Mangueira, que também apresentou um enredo crítico e deu uma resposta direta ao corte de verbas das escolas de samba da cidade promovido pelo presidente da câmara da cidade, o evangélico Marcelo Crivella, retratado como inimigo do Carnaval.
A Mocidade Alegre de Padre Miguel, que ficou em sexto lugar, homenageou a Índia e traçou um paralelo daquele país asiático com o Brasil.
O clima de protesto esteve presente nos desfiles e também na votação, onde os gritos de “Fora Temer” foram ouvidos diversas vezes, num Carnaval marcado pela forte crítica política e social.
As seis escolas de samba com maior pontuação neste Carnaval voltam a apresentar-se no próximo sábado no desfile das escolas campeãs.
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