O primeiro alerta para estes distúrbios foi recebido às 01:00 e o último às 05:33, disse a fonte oficial do RSB de Lisboa, adiantando que os incidentes ocorreram nos bairros de Benfica, Lumiar, Alvalade, Alcântara e Marvila.

Questionado sobre quantos bombeiros foram deslocados durante a madrugada, a mesma fonte disse não saber precisar, mas explicou que, para cada ocorrência, é enviada uma viatura com seis bombeiros.

Também na manhã deste sábado, a Polícia Judiciária, através da Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo, identificou e deteve "um homem de 23 anos, fortemente indiciado pela prática de um crime de incêndio urbano", ocorrido na manhã de sexta-feira, 25 de outubro, na Rua de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa.

"O suspeito usou um artefacto incendiário para atear fogo a uma zona apropriada para a recolha de lixo urbano, composta por 16 contentores e ecopontos, que acabaram por ser destruídos pelas chamas, verificando-se perigo de propagação para um edifício de serviços e residencial ali localizados, suscitando alarme social", refere a PJ na nota enviada às redações..

Ao que a investigação apurou, "o móbil do crime terá sido o facto do suspeito ser aderente à causa que está na génese dos tumultos que têm vindo a ocorrer nos últimos dias, influenciado pelas imagens das múltiplas ações de vandalismo verificadas na região da Grande Lisboa".

123 ocorrências, 21 pessoas detidas e 19 identificadas

Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo. A PSP registou 123 ocorrências, deteve 21 cidadãos e identificou outros 19. Sete pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade.

A desordem pública aconteceu na sequência da morte de Odair Moniz, de 43 anos, na madrugada de segunda-feira, quando o homem foi baleado por um agente da PSP.

Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Para hoje estão previstas duas manifestações em Lisboa, uma promovida pelo movimento Vida Justa para reclamar justiça pela morte do homem baleado e outra convocada pelo Chega “em defesa da polícia”.