O projeto Bibliotrónica Portuguesa nasceu em 2007, no Departamento de Literaturas Românticas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pela professora Ângela Correia e alunos, mas autonomizou-se no ano passado para um endereço próprio.
A generalidade destes livros está disponível em formatos que permitem impressão ou que podem ser descarregados gratuitamente para leitura em dispositivos pessoais. A secção dos cerca de 3.000 “livrónicos” funciona como um portal para os livros em língua portuguesa que estão presentes ‘online’, é a zona mais utilizada pelos leitores e pretende ser exaustiva.
“Há livros que os motores de busca não apanham e o objetivo é que estejam todos aqui listados, de modo que quem queira consultar um livro na internet venha aqui ver se tem uma hiperligação”, explicou Ângela Correia, professora da Faculdade de Letras de Lisboa e diretora da Bibliotrónica Portuguesa.
São livros de todo o género, sem qualquer critério de qualidade associado. Cada publicação é classificada por nome do autor e pelo título, tendo associada uma classificação que indica se é pesquisável, se está sob a forma de fotografias (ou seja, com fotos de cada página) ou se tem alguma restrição de acesso.
O ‘site’ também já reeditou 25 livros que deixaram de existir em papel, obras antigas ou difíceis de encontrar por não serem apetecíveis comercialmente para as editoras convencionais, mas que “mantêm o interesse público” e que estão libertos de direitos de autor. Entre eles estão está “Às Mulheres Portuguesas”, de Ana de Castro Osório, “Ilha dos Amores”, de António Feijó, “Céu em Fogo”, de Mário de Sá-Carneiro, e “A primeira edição de três peças”, de Raúl Brandão.
No âmbito da publicação de originais, atualmente estão publicados três títulos com gravuras, mas para breve está previsto um quarto. Os objetivos destas publicações, segundo a docente, “são vários”. “Um deles é darmos espaço de experimentação a novos autores que nunca tenham conseguido publicar numa editora e a novos ilustradores, além das pessoas que aprendem como se faz um original, desde a revisão do texto à paginação e à articulação com a ilustração”, explicou.
Os novos autores que queiram ser publicados têm de aceitar condições como a inexistência de troca de dinheiro e a cedência de direitos para que o livro fique disponível a toda a gente, porque o projeto quer funcionar como “uma espécie de montra”. “Temos também aqui feito um bocadinho de experimentação, porque, como são originais que visam a vida só ‘online’, trabalhamos aqui com a ilustração de uma maneira mais livre, porque não temos os custos de impressão e também trabalhamos com formatos que estão pensados para o monitor e não para a impressão em papel”, realçou.
O projeto tem ainda um blogue, que atualmente concentra artigos publicados na imprensa sobre livros, antigos ou recentes, mas que Ângela Correia quer desenvolver para um espaço de crítica e crónicas, contando em breve com a colaboração da escritora Adília Lopes.
Em números, o blogue tem 275 seguidores, o ‘site’ teve 43.079 visualizações desde que se autonomizou, em abril de 2015, e no dia em que foi mais visitado alcançou os 8.593 visitantes.
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