Segundo fontes do Partido Democrata, Clinton – que iniciará a sua viagem pela Geórgia, onde estará no próximo domingo e segunda-feira, e seguirá para a Carolina do Norte – tentará captar o voto do eleitorado rural para conseguir uma vantagem para a atual vice-presidente sobre o candidato republicano, o ex-presidente Donald Trump.
“A campanha de Harris soltou o ‘Cão Grande'”, escreveu na rede social X Ian Sams, um porta-voz da campanha da vice-presidente, que assumiu a nomeação democrata para as eleições de 2024 depois do atual Presidente, Joe Biden, ter desistido da recandidatura.
Os esforços de Clinton e Obama a favor de Harris devem-se ao facto de, segundo todas as sondagens, não haver um nítido vencedor à vista, num momento em que faltam cerca de 25 dias para as eleições.
De acordo com a média das sondagens realizadas pelo portal RealClearPolitics, Harris lidera hoje as intenções de voto com 49% de apoio, contra 47,2 de Trump, uma vantagem de apenas 1,8 pontos que se dilui tendo em conta as margens de erro das sondagens.
A estratégia de Clinton passará por afastar-se dos comícios de massas característicos das grandes campanhas, optando por falar para algumas centenas de pessoas em feiras e locais privados, informou a CNN.
Enquanto Clinton se prepara para visitar o sul do país, a corrida do ex-presidente Barack Obama para ajudar Kamala Harris começou na quinta-feira na Pensilvânia, provavelmente o estado-chave mais importante no mapa eleitoral deste ano.
O primeiro afro-americano a tornar-se Presidente dos Estados Unidos pediu aos homens negros que votem na vice-presidente, que tem raízes afro-americanas e indianas, e que poderá ser a primeira mulher Presidente do país.
Num escritório de campanha para agradecer aos voluntários, Obama disse na quinta-feira que queria “dizer algumas verdades” após ouvir relatos de falta de entusiasmo em torno de Harris e que alguns homens negros estariam a pensar em não votar este ano.
“Parte disso faz-me pensar — e estou a falar diretamente com os homens — (…) que, bem, vocês simplesmente não estão a sentir a ideia de ter uma mulher como Presidente, e estão a apresentar outras alternativas e outras razões para isso”, argumentou Obama, uma das figuras mais influentes do Partido Democrata.
“Vocês estão a pensar em ficar de fora ou apoiar alguém que tem um histórico de vos denegrir, porque acham que isso é um sinal de força? Porque é isso que é ser homem? Colocar as mulheres para baixo? Isso não é aceitável”, criticou Obama, denunciando igualmente o comportamento de Donald Trump em menosprezar parte do eleitorado norte-americano.
Obama fez da Pensilvânia a primeira paragem da entrada na campanha, num momento em que a votação antecipada e por correio já está em andamento.
Falando num comício na Universidade de Pittsburgh, Obama referiu-se a Trump como alguém fora de sintonia e não a escolha certa para liderar o país, chamando-o de um bilionário “desajeitado” “que ainda não parou de choramingar sobre os seus problemas”.
O ex-presidente advogou que Kamala Harris é “uma líder que passou a vida a lutar em nome de pessoas que precisam de voz e uma oportunidade” e assegurando que a vice-presidente está preparada para presidir o país.
Obama, há oito anos fora do poder, tem sido um dos representantes mais confiáveis do Partido Democrata para galvanizar eleitores.
Até ser eleito Presidente em 2020, Joe Biden também assumiu esse papel para os democratas, mas este ano, desde que encerrou a sua campanha de reeleição e apoiou Harris para liderar a corrida eleitoral, raramente se tem pronunciado em campanha.
O único ex-presidente vivo do Partido Democrata que não vai fazer campanha por Harris é Jimmy Carter, que completou 100 anos este mês e está confinado em casa a receber cuidados paliativos para os seus problemas de saúde.
No entanto, Carter, de acordo com um dos seus netos, Jason Carter, está “mental e emocionalmente envolvido no que está a acontecer ao seu redor e nas notícias”, um interesse que aumentou face às próximas eleições e com a possibilidade de que, pela primeira vez, uma mulher chegue à Casa Branca.
Carter espera votar em Kamala Harris em 05 de novembro, segundo o seu neto.
Por sua vez, Donald Trump esteve na quinta-feira em campanha em Detroit, onde lançou críticas a essa mesma cidade, qualificando-a de inferior a cidades chinesas e “em desenvolvimento”.
“O país inteiro ficará como — vocês querem saber a verdade? Será como Detroit. O nosso país inteiro acabará como Detroit se ela [Kamala Harris] for eleita Presidente”, declarou o candidato republicano.
Os comentários de Trump foram feitos perante o ‘Detroit Economic Club’ num discurso em que apelava à indústria automobilística, um segmento-chave daquela que é a maior cidade do estado do Michigan, também um importante campo de batalha eleitoral.
Os democratas no estado foram rápidos em criticar Trump pelos seus comentários. O autarca de Detroit, Mike Duggan, elogiou a recente queda na criminalidade e o crescimento populacional da cidade.
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