“A Autoeuropa é um exemplo de como o investimento pode ser estruturante, de como se podem criar milhares de postos de trabalho, de como pode arrastar consigo muitas empresas, muita tecnologia, de como é possível multiplicar o trabalho”, disse Mariana Mortágua, após uma reunião com a Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa, em Palmela, no distrito de Setúbal.
”E é um exemplo bem diferente daqueles que temos visto nos últimos tempos a serem promovidos pelo governo: centros de dados que apenas importam tecnologia e são na verdade ataques ao ambiente, com leis feitas, aparentemente, à medida, e que não protegem o interesse público, ou explorações de lítio ou de outro tipo de minérios, que são, na verdade, só uma indústria extrativista que destrói territórios sem deixar nada”, acrescentou.
Há poucos dias, a Autoeuropa viu-se obrigada a sair do consórcio Drivolution, que liderava, por não cumprir os requisitos ambientais, mas a empresa considera que os investimentos que tem previstos na área ambiental lhe deveriam permitir manter a liderança daquele consórcio financiado pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR).
Para Mariana Mortágua, a Autoeuropa também é importante porque “mostra que quando há comissões de trabalhadores fortes, quando há negociação com os trabalhadores, quando as reivindicações são ouvidas, quando há mecanismos de negociação e contratação coletiva, o país fica melhor, a economia fica melhor e as empresas ficam mais fortes”.
Sobre a construção do TGV, a líder do BE diz tratar-se de um projeto de que o país precisa para não ficar isolado e considera que Portugal já está a pagar o preço de não ter feito esse investimento no passado.
"Quanto ao custo concreto do projeto, só vendo o projeto, só analisando os custos, que neste momento não conhecemos. Penso que é preciso fazer uma avaliação técnica e garantir que é pago o preço justo”, disse.
No que respeita à construção do novo aeroporto, Mariana Mortágua também diz tratar-se de um projeto necessário, mas que tem sido atrasado em função dos interesses da concessionária dos aeroportos portugueses, a multinacional francesa ANA/VINCI.
“Como a ANA/VINCI manda, a decisão nunca foi feita porque todos os decisores políticos ficam na indecisão de ter um operador privado que toma conta das decisões. E a prova disto é o facto de o próprio PSD não ter uma posição sobre o aeroporto. E não tem uma posição porque está a mando da ANA e a ANA é a empresa que toma as decisões estratégicas”, disse Mariana Mortágua, acrescentando que a privatização da empresa, ao tempo do governo PSD/CDS, “lesou o interesse público”.
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