Os três partidos seguem preocupações que constam da petição “Contra o fim da atual linha amarela do metro de Lisboa”, que deu entrada no parlamento em março de 2019, assinada por 4.366 cidadãos, e chega à discussão parlamentar três anos depois, numa altura em que o Governo já iniciou obras para expansão da rede do Metro de Lisboa no troço entre a estação do Rato e a futura estação na Estrela.
Numa nota, o Movimento de Cidadãos “Contra o Fim da Linha Amarela”, criado na sequência da petição, lamentou hoje o atraso na discussão e o avanço da obra à revelia da contestação.
Na petição “Contra o fim da atual linha amarela do metro de Lisboa”, os cidadãos manifestam-se contra a expansão entre as estações do Rato (na linha Amarela) e do Cais do Sodré (na Linha Verde), reduzindo a linha Amarela ao troço entre Odivelas e o Campo Grande.
Além disso, alertam para o prejuízo causado pelo projeto aos “milhares de passageiros que hoje apanham o metro no concelho de Odivelas e na parte alta de Lisboa”, que terão de mudar de linha no Campo Grande para chegar a estações como o Rato, o Marquês de Pombal ou o Saldanha, no centro da capital.
“Só quem não apanha o metro todos os dias, é que não sabe o transtorno que é a mudança de linha, muitas vezes a espera pelo metro é superior ao tempo da viagem em si”, consideram, realçando que “o metro deixará de ser uma opção atrativa”.
Nas propostas discutidas na quarta-feira, o BE e o PAN insistem na suspensão do projeto e o PSD propõe que este seja reformulado.
Os três partidos salientam que a Assembleia da República já aprovou anteriormente recomendações em que foi pedido pelos deputados ao Governo a suspensão da linha circular, além de que também o Orçamento do Estado de 2020 (OE2020) “incluiu uma norma que suspendia a linha circular”.
“Apesar disso, o Governo decidiu avançar, com o respaldo do Presidente da República que, na altura, justificou com o facto de ser apenas uma ‘recomendação'”, realça o BE, que quer que o parlamento volte a insistir com o executivo para a suspensão imediata das obras.
O BE pede ainda ao Governo que, em alternativa, olhe para a zona de Loures, a zona ocidental da cidade de Lisboa e garanta “que as populações de Odivelas não ficam prejudicadas”.
A deputada única do PAN, Inês Sousa Real, acusa o Governo de “incumprir” a Lei do OE2020 e pretende que desta vez seja cumprida a suspensão do processo de construção da Linha Circular entre o Cais do Sodré e o Campo Grande, “devendo ser dada prioridade à expansão da rede de metropolitano até Loures, bem como para Alcântara e a zona ocidental de Lisboa”.
BE, PAN e PSD lembram também que até a Câmara Municipal de Lisboa contestou o projeto.
O PSD acrescenta que a linha circular tem “merecido contestação desde o início” de “muitos técnicos e especialistas de várias áreas”, mas, agora que os procedimentos já foram iniciados, pretende que o Governo reveja o projeto e adote, em alternativa, uma linha em laço.
“A ‘Linha em Laço’ [Odivelas – Campo Grande – Rato – Cais do Sodré – Alameda – Campo Grande — Telheiras], que não tem custos e por não cortar a ligação direta do centro à periferia [Odivelas e posteriormente Loures], melhora as alternativas de transporte público para os utilizadores que todos os dias entram em Lisboa de automóvel vindos do norte de Lisboa e, dessa forma, reduzirá o número de carros que todos os dias entram em Lisboa”, considera o PSD.
O plano do Governo para o Metro de Lisboa prevê um percurso circular na linha Verde, que passará a integrar o percurso entre a estação do Campo Grande, atualmente na Linha Amarela, e o Cais do Sodré (na linha Verde).
Para isso serão construídas na Estrela, junto à Basílica, e em Santos duas novas estações que ligarão o Rato (fim da atual linha Amarela) ao Cais do Sodré.
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