“Começou aqui [no Brasil] com os ‘Antifas’ em campo, com um motivo, no meu entender, político, diferente [dos Estados Unidos]. São marginais. No meu entender, terroristas. Têm ameaçado fazer, no domingo, movimentos aí pelo Brasil. (…) Nós precisamos de uma retaguarda jurídica para que os nossos polícias possam trabalhar com um crescimento desse tipo de movimentos, que não tem nada a ver com democracia”, disse Bolsonaro a apoiantes, na noite de terça-feira.
“Não podemos deixar que o Brasil se transforme no que foi há pouco tempo o Chile. Não podemos admitir isso. Isso não é democracia, nem liberdade de expressão. Isso, no meu entender, é terrorismo”, declarou Bolsonaro em vídeos partilhados nas redes sociais, manifestando o desejo de que este movimento não cresça, porque o país o que “menos quer é entrar em confronto com quem quer que seja”.
A Antifa é um grupo conhecido pelas manifestações contra o fascismo e da luta antissistema.
Parte das ações deste grupo visam acabar com os grupos fascistas, racistas, neonazis e de extrema-direita, através de contramanifestações que defendem a igualdade de género e de defesa dos direitos da comunidade LGBT+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros).
Segundo Bolsonaro, os protestos no Brasil têm motivações políticas, diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, onde as manifestações foram potenciadas pela morte do cidadão afro-americano George Floyd por um polícia branco.
No passado fim de semana, apoiantes e críticos de Jair Bolsonaro entraram em confronto, causando distúrbios violentos que deixaram várias pessoas feridas na conhecida e central Avenida Paulista, na cidade brasileira de São Paulo.
A manifestação contra Bolsonaro foi feita por adeptos de equipas de futebol do país, nomeadamente do maior grupo organizado do Corinthians, a Gaviões da Fiel, que juntou apoiantes do Palmeiras, Santos e São Paulo, tendo sido convocados para o próximo domingo novos protestos por um grupo da sociedade civil brasileira.
O grupo indicou nas redes sociais querer sair à rua em defesa da democracia para “não deixar o fascismo crescer no Brasil”.
Ainda no último domingo, Bolsonaro esteve presente num outro evento organizado pelos seus apoiantes, em Brasília, em defesa de medidas inconstitucionais e antidemocráticas, como o encerramento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, assim como uma intervenção militar.
Na noite de terça-feira, Jair Bolsonaro disse aos seus apoiantes que “não tem nenhuma influência” sobre os grupos que protestam.
“Eu já disse que não domino, não tenho influência, não tenho nenhum grupo e nunca convoquei ninguém para ir às ruas. Agradeço, de coração, essas pessoas que estão na rua apoiando o nosso Governo”, disse o chefe de Estado em frente ao Palácio da Alvorada, a sua residência oficial em Brasília.
Bolsonaro comentou ainda as manifestações contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, lamentando a morte de George Floyd.
“Nos Estados Unidos o racismo é um pouco diferente do Brasil. Está mais na pele. Então, houve um negro lá que perdeu a vida. Vendo a cena, a gente lamenta. Como é que pode aquilo ter acontecido? Agora, o povo americano tem de entender que, quando se erra, paga-se”, afirmou Bolsonaro, referindo que o que se está a passar nos EUA “não gostaria que acontecesse no Brasil”.
O Presidente do Brasil defendeu ainda que “qualquer abuso” tem de ser investigado e, se for o caso, punir.
“Agora, este tipo de movimento, nós não concordamos”, concluiu o chefe de Estado.
George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.
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