“Por enquanto, eu continuo [no PSL]. Não existe crise. É uma discussão entre marido e mulher, de vez em quando acontece. O problema não é meu. O pessoal quer um partido diferente, atuante. O partido está estagnado. Não tem confusão nenhuma”, afirmou o chefe de Estado em Brasília, em declarações a jornalistas brasileiros.
Antes das declarações à imprensa, Bolsonaro reuniu-se no Palácio do Planalto, sede do poder executivo federal, com deputados do PSL.
Horas antes, o porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros, declarou que Bolsonaro “não pretende deixar o PSL de livre e espontânea vontade”.
Luciano Bívar, líder do PSL, formação política que em 2018 levou ao poder Jair Bolsonaro, afirmou na quarta-feira que o Presidente brasileiro “já está afastado” da formação política, numa aparente rutura entre ambos.
A polémica começou quando, na terça-feira, Bolsonaro orientou um seu apoiante a esquecer o PSL, partido de que é militante, acrescentando que Luciano Bivar, está “queimado”. A situação ocorreu na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília, e ficou registada em vídeo.
Após a polémica, o presidente do PSL declarou ao portal de notícias G1 que Bolsonaro “já está afastado” e “esquecido” do partido.
“A fala dele (Bolsonaro) foi terminal, ele já está afastado. Ele não disse para esquecer o partido? Está esquecido”, frisou Luciano Bivar, acrescentando que só quer “paz”.
Contudo, Bolsonaro disse na quarta-feira que as orientações dadas ao seu apoiante foram no sentido de evitar que se fizesse “campanha antecipada”.
“Falei para o rapaz para ‘esquecer o PSL’. Porquê? Ele é pré-candidato a vereador e, se começar a falar em partido, é campanha antecipada. Foi isso que eu falei para ele”, defendeu-se Bolsonaro.
Com uma crise a afetar o partido, o PSL convocou uma reunião de cariz urgente para a noite da última terça-feira, com deputados e senadores, para avaliarem o eventual desgaste, segundo a imprensa local.
O PSL está também envolvido em problemas na justiça.
O Ministério Público (MP) Eleitoral do Estado brasileiro de Minas Gerais acusou na semana passada o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, de desvios de recursos do fundo eleitoral de 2018, do PSL.
Além do ministro do Turismo, outras 10 pessoas foram acusadas dos crimes de falsidade ideológica, apropriação indevida eleitoral e associação criminosa.
“Após cerca de oito meses de investigação, o Ministério Público Eleitoral acusou (…) 11 pessoas por envolvimento num esquema de desvio de recursos por meio de ‘candidaturas fantasma’ nas últimas eleições”, segundo o procurador de Justiça Eleitoral Fernando Abreu, citado no ‘site’ do MP.
Todos os acusados estão ligados ao PSL.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, também a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro saiu beneficiada com esse desvio de verbas.
As supostas irregularidades nas campanhas dos candidatos ao PSL não afetaram diretamente o chefe de Estado até ao momento, mas levaram à demissão, em fevereiro passado, do então ministro da Secretaria Geral do Governo, Gustavo Bebianno, que presidiu o PSL no ano passado, em plena campanha eleitoral.
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