A vigília terá início às 20:30, em frente ao quartel dos bombeiros da Benedita, no concelho de Alcobaça, distrito de Leiria, para “mostrar à população os motivos que" levam a corporação a "não conseguir suportar mais esta situação”, disse à agência Lusa Dinis Coito, o primeiro bombeiro a entregar o capacete após as eleições para a direção da associação.
A nova direção, encabeçada por Filipe Marques, foi eleita, na quinta-feira à noite, numa assembleia em que concorreram duas listas, saindo vencedora a Lista A, composta quase integralmente por elementos da direção cessante.
Dez dos 20 bombeiros voluntários não assalariados da corporação entregaram os capacetes logo após ser conhecido o resultado das eleições, num protesto que até hoje se alargou a bombeiros assalariados, aumentando para 26 os elementos que depositaram os capacetes em frente ao quartel.
Num comunicado à população, os bombeiros explicam “as circunstâncias” que os levaram a se opor à direção, cujos elementos “são os mesmos” e “só mudam as cadeiras.
Os operacionais responsabilizam a direção pela degradação das condições de trabalho, ao longo dos últimos seis anos, em que consideram ter havido “uma brutal falta de investimento em equipamentos de proteção individual e infraestruturas de apoio aos bombeiros”.
A lista das acusações refere ainda falta de planeamento, desinvestimento na formação técnica, obras desadequadas às necessidades dos bombeiros e excesso de transporte de doentes não urgentes.
“As coisas estão tão graves que se houver necessidade de socorro mais especializado não existem, em número suficiente, operacionais qualificados para o efeito”, pode ler-se no comunicado em que os bombeiros se queixam ainda de não serem aumentados há vários anos e de não lhes serem pagas horas extraordinárias.
Depois de anos “calados com medo de represálias”, os bombeiros denunciam agora, no comunicado, terem feito “a custo zero” trabalhos como “encher piscinas”, “esvaziar poços” ou “cortar árvores” em jardins de “amigos dos membros da direção”, tendo inclusive “chegado a fazer mudanças de recheio de casas”.
“Desanimados, desapoiados e descontentes com as atitudes” da direção, que viu agora reeleitos grande parte dos seus membros, os voluntários pretendem com esta vigília “impedir que a direção tome posse e que aceite fazer novas eleições”, explicou Dinis Coito, lembrando que os bombeiros consideram ter havido irregularidades na assembleia geral em que “foi negada a possibilidade de esclarecer dúvidas sobre a votação e de apresentar reclamações”.
Sem “condições para suportar mais esta direção”, os operacionais pedem, no comunicado, “ajuda à população e às instituições da Benedita para que “não deixem que os bombeiros caiam”.
A Lusa contactou o presidente eleito, Filipe Marques, que declinou prestar declarações.
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