Durante o anúncio de um pacote de sanções sobre cinco bancos russos e três empresários considerados próximos do Presidente, Vladimir Putin, Boris Johnson foi questionado pela oposição porque não alargava as medidas a outros chamados oligarcas.
O primeiro-ministro disse, erradamente, que “Abramovich já é sujeito a sanções”, mas hoje esclareceu formalmente que “Roman Abramovich não foi alvo de medidas direcionadas”.
O proprietário do clube de futebol Chelsea, que em 2021 obteve a nacionalidade portuguesa através da lei que beneficia os descendentes de judeus sefarditas expulsos no final do século XV, teve até há quatro anos um visto de investidor no Reino Unido.
Abramovich obteve, entretanto, um passaporte israelita e, embora não possa residir ou trabalhar no Reino Unido, pode atravessar a fronteira sem necessidade de visto de turista.
Em 2018 retirou o pedido de renovação de visto britânico devido ao conflito diplomático entre o Reino Unido e Rússia na sequência do envenenamento com um agente neurotóxico do antigo espião Sergei Skripal em Inglaterra.
Na altura, a então primeira-ministra Theresa May ordenou uma reavaliação dos vistos atribuídos a centenas de “oligarcas russos” no país, mas o esquema dos “vistos dourados” apenas foi encerrado na semana passada.
De acordo com a organização openDemocracy, desde 2015 foram atribuídos 202 daqueles vistos a multimilionários russos que investiram pelo menos dois milhões de libras (2,4 milhões de euros) cada em empresas britânicas, beneficiando também mais de 250 familiares.
Na terça-feira, o Governo britânico anunciou sanções contra os “oligarcas” Gennady Timchenko, Boris Rotenberg e o sobrinho deste último, Igor Rotenberg, cujos bens no Reino Unido foram congelados, além de estarem proibidos de entrar no país.
Determinou também o congelamento dos ativos dos bancos Bank Rossiya, Black Sea Bank, IS Bank, Genbank e Promsvyazbank e disse estar pronto a avançar com mais sanções financeiras.
Boris Johnson está sob pressão da oposição e de membros do seu partido para endurecer as sanções contra a Rússia, que reconheceu na segunda-feira como independentes os dois territórios ucranianos separatistas de Donetsk e Lugansk, na região de Donbass, agravando a situação militar na região.
Moscovo criou ainda condições legais para o envio de militares russos para a zona, situação que repete a invasão da Ucrânia em 2014, quando anexou a península da Crimeia.
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