Borrell falou por telefone com António Guterres no domingo, conforme noticiou hoje o Serviço Europeu de Ação Externa, em comunicado, um dia antes de a Comissão Europeia anunciar que determinará as próximas decisões de financiamento da UNRWA com base no resultado da investigação.

Na conversa, Josep Borrell observou que os compromissos de financiamento em curso da União Europeia (UE) foram cumpridos e o financiamento para a UNWRA não foi suspenso, mas deixou claro que Bruxelas “determinará as próximas decisões de financiamento à luz do resultado da investigação”.

O próximo pagamento está previsto para o final de fevereiro.

O chefe da diplomacia comunitária explicou a Guterres que a UE saudou as medidas “rápidas e decisivas” tomadas pela UNRWA em relação às acusações de envolvimento do seu pessoal nos ataques de 7 de outubro contra Israel.

O responsável comunitário destacou que “foi aberta uma investigação exaustiva e com total transparência, o que mostra que as Nações Unidas estão a dar ao tema a importância que merece”.

E sublinhou que, se se confirmar o envolvimento de trabalhadores temporários nos ataques levados a cabo pelo grupo islamita palestiniano Hamas, os responsáveis deverão ser responsabilizados e os controlos internos reforçados em conformidade.

Ao mesmo tempo, Borrell expressou a sua “grande preocupação com a dramática situação humanitária no terreno” e reiterou a António Guterres que a UE continuará a sua assistência essencial aos palestinianos em Gaza.

Assegurou que a UE continuará a apoiar, sem diminuição, como um dos maiores doadores de ajuda e através de organizações parceiras capazes de prestar assistência de forma eficaz.

“O papel da UNRWA é vital nas atuais circunstâncias em Gaza. Dois milhões de pessoas precisam desesperadamente da ajuda prestada pela UNRWA e outras agências da ONU”, concluiu a nota.

Além de informar que sujeitaria a sua ajuda aos resultados da investigação aberta pela UNWRA, a Comissão Europeia também solicitou à agência da ONU que aceitasse uma auditoria externa com peritos independentes designados pela UE, focada na avaliação dos sistemas de controlo para evitar o possível envolvimento do seu pessoal em atividades terroristas.

O organismo comunitário também espera que o departamento de investigações internas seja fortalecido e que um exame de todo o pessoal da agência seja iniciado o mais rápido possível para confirmar que não participaram dos ataques.

O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita, matando cerca de 1.140 pessoas, na maioria civis, e levando mais de 200 reféns, segundo números oficiais de Telavive.

Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento islamita palestiniano considerado terrorista pela UE e Estados Unidos da América (EUA), lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo as autoridades locais tuteladas pelo Hamas, já foram mortas mais de 26.000 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes.

O conflito provocou também cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o território palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.