O político português falava à Lusa a partir de São Paulo, na sede de campanha do candidato presidencial Fernando Haddad (PT, esquerda) derrotado na segunda volta das eleições presidenciais brasileiras realizadas no domingo, garantindo que o ambiente que ali se vive é de "grande confiança", de "não baixar os braços" e com "um apelo já chamado à mobilização popular para que não se verifiquem retrocessos no Brasil".
"O ambiente é de não baixar os braços, de afirmar a grande importância deste resultado [do candidato Fernando Haddad], como uma forma também de dizer que estarão presentes e que seguirão num processo de resistência", afirmou o eurodeputado comunista, reagindo à eleição do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro como novo Presidente do Brasil.
Uma resistência que pode ser feita, disse, "através das organizações de trabalhadores, de movimentos sociais ou institucionalmente, na diversidade e na polaridade de posições institucionais que foram ainda assim conquistadas".
O eurodeputado defendeu ainda que "há que registar aquilo que foi uma grande recuperação e um resultado muito expressivo na candidatura de Fernando Haddad".
"Uma votação muito expressiva, de mais de 45 milhões de votos", disse.
A candidatura de Fernando Haddad foi "alimentada por uma dinâmica muito importante de unidade entre o movimento progressista e democrático no Brasil e diversos partidos que se associaram a esta candidatura e que cria as condições para já amanhã [hoje] criar a afirmação de uma resistência áquilo que venham a ser medidas que procurem impor um Estado mais repressivo e de ataque aos direitos sociais", afirmou.
Para João Pimenta, o caminho que foi feito e que permitiu chegar ao resultado eleitoral deste domingo começa com "uma tremenda ofensiva do imperialismo por toda a América do Sul e, em particular no Brasil, que se materializou no golpe de 2016 [afastamento de Dilma Roussef] e numa total ofensiva contra direitos dos trabalhadores e direitos sociais nos últimos dois anos".
E foi essa "ofensiva" que criou as condições para alimentar "esta vaga e um projeto que tudo aponta aprofundar ainda mais essa ofensiva em torno de tudo o que são conquistas dos trabalhadores".
"A par disso, uma ofensiva muito grande contra a liberdade e a democracia e as diversas pressões de Bolsonaro ao longo da campanha e no próprio ato de afirmação da sua vitória", apontou.
João Pimenta aproveitou para manifestar a "solidariedade do Partido Comunista Português, com os comunistas, democratas e progressistas brasileiros que enfrentaram esta dura batalha e que estão disponíveis para, já amanhã, continuarem a defender a democracia, a liberdade e os direitos dos trabalhadores, num cenário que se afigura bastante difícil"
O candidato do Partido Social Liberal (PSL, extrema-direita) Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército brasileiro reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos.
De acordo com dados do Supremo Tribunal Eleitoral brasileiro, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), conquistou 44,9% dos votos, com o escrutínio provisório (99,99% das urnas apuradas) a apontar para 21% de abstenção do total de eleitores inscritos (mais de 147,3 milhões).
Numa declaração à porta de sua casa, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, ainda no domingo, o Presidente eleito prometeu que o seu Governo “será um defensor da Constituição, da democracia e da liberdade”.
“Este é um país de todo nós, brasileiros natos ou de coração, de diversas opiniões, cores e orientações”, disse Jair Bolsonaro.
O Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou no domingo uma "mensagem de felicitações" a Jair Bolsonaro, na qual se referiu aos "laços de fraternidade" bilaterais e à "significativa comunidade" portuguesa neste país.
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