O duplo homicídio ocorreu perto do município de Atalaia do Norte, num local inóspito próximo da fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia, onde os dois recolhiam informações para o livro que Phillips estava a escrever sobre ameaças contra os indígenas brasileiros.

Embora o jornalista britânico e o especialista brasileiro estivessem desaparecidos desde 5 de junho do ano passado, os seus corpos só foram encontrados 11 dias depois, após a confissão de um dos suspeitos do crime.

As duas vítimas foram baleadas e esquartejadas, antes de os seus restos mortais serem cremados e escondidos num local de difícil acesso no meio da selva, segundo informaram então as autoridades.

O assassinato causou um choque global e expôs as ameaças que espreitam na Amazónia, especialmente naquela região, o vale do rio Javari, um dos locais com maior número de indígenas isolados do mundo e onde a pesca e a caça clandestina convivem com o tráfico de drogas e a pirataria.

No primeiro aniversário do crime, Alessandra Sampaio, mulher do jornalista britânico, disse que continua a confiar que os assassinos serão julgados e também pediu proteção aos indígenas, porque é graças a eles que “a selva ainda está de pé”.

“Hoje é um dia para lembrar Dom e Bruno, a sua luta, a importância do seu trabalho e que as suas mortes não serão em vão”, disse a mulher, durante uma iniciativa emotiva realizada na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

A mensagem foi reforçada pelo líder indígena Beto Maruba, membro da organização Univaja, que luta pela proteção dos 16 grupos de indígenas isolados no Vale do Javari, que também exigiu explicações do Estado brasileiro, pois, segundo ele, muitas coisas ainda não estão claras.

“O Brasil deve essa explicação ao mundo e à família de Dom e Bruno”, disse.

O líder indígena fez parte das dezenas de amigos e parentes que se reuniram hoje na icónica praia carioca, um dos lugares mais queridos de Phillips quando morou no Rio de Janeiro.

Ali, foi erguido um cartaz gigantesco a pedir justiça pela morte do jornalista britânico e do indigenista brasileiro, enquanto, em voz alta, os participantes faziam o mesmo pedido, num ato emocionado que refletia a tristeza dos ativistas.

À homenagem carioca se somarão outros eventos ao longo do dia em cidades como Brasília, Salvador, Campinas e Belém, além de Atalaia do Norte, local dos acontecimentos.

Um ano depois dos crimes, três pessoas permanecem detidas: o cidadão colombiano Rubens Villar, conhecido como Colômbia, e que aparentemente foi o mandante dos assassinatos, o pescador Amarildo da Costa Oliveira, que confessou os assassinatos, e o pescador Jânio Freitas de Souza, que teria ajudado a esconder os corpos.