“É o triunfo das velhas políticas e esquemas que destroem o Brasil e enfraquecem a economia e a democracia. É um filme conhecido. Vale a pena se transformar em uma criatura do pântano pelo poder?”, escreveu Moro na plataforma Twitter.
O ex-juiz renunciou em abril ao cargo de ministro da Justiça após entrar em confronto com Bolsonaro.
A publicação de Moro refere-se a uma declaração na quarta-feira do Presidente brasileiro, que num ato público afirmou: “Acabei com a Lava Jato porque não há mais corrupção no Governo”.
A declaração de Bolsonaro surpreendeu os que defendem a continuidade desta operação anticorrupção, que desde 2014 desvendou inúmeras redes de desvio de dinheiro público tanto na estatal Petrobras como em outras empresas públicas e órgãos de governo, e levou dezenas de grandes empresários e políticos à prisão.
Moro, como magistrado de primeira instância, foi o responsável pelos processos da Lava Jato, que nos últimos meses tem sido objeto de pressões tanto de setores ligados ao Governo como da própria Procuradoria-Geral da República (PGR), cujo titular, Augusto Aras, foi nomeado por Bolsonaro.
Aras declarou publicamente que é preciso “acabar com o fundamentalismo punitivo” da Lava Jato, que depois de se voltar para políticos de esquerda, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora tem como alvo partidos de centro e de direita, que agora formam a base política de Bolsonaro.
As dúvidas quanto à atitude do Governo em relação à Lava Jato aumentaram nos últimos dias, quando Bolsonaro indicou um juiz considerado crítico dos excessos da Lava Jato para preencher uma vaga aberta no STF com a reforma de um dos 11 magistrados do tribunal.
Apesar de Bolsonaro ter declarado ser defensor ferrenho da Lava Jato, escolheu o juiz Kassio Marques para ocupar o cargo.
Soma-se a isso a manifesta inimizade entre Bolsonaro e Moro, símbolo da Lava Jato e que, ao deixar o Ministério da Justiça, acusou o Presidente de interferir ilegalmente na Polícia Federal.
Essa denúncia levou a PGR a solicitar ao Supremo Tribunal Federal a instauração de inquérito sobre a atuação do Presidente, ainda em curso, e cujo instrutor foi o juiz Celso de Mello, que se aposentará aos 75 anos e será substituído pelo juiz Kassio Marques caso o Senado aprove a sua nomeação.
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