Em declarações à Lusa, à margem do encontro WinterCEmp, promovido pela representação da Comissão Europeia em Portugal durante o fim de semana, em Ílhavo, distrito de Aveiro, o diplomata português João Vale de Almeida reconhece que ambas as partes vão “perder”, mas acredita que vão igualmente “construir uma relação futura”.
Recordando que a saída da União Europeia por parte do Reino Unido (Brexit) “resulta de uma escolha democrática” dos cidadãos britânicos, o diplomata considera que agora é tempo de “encontrar as melhores soluções”.
Na quinta-feira, o Conselho Europeu rejeitou o pedido de Londres para adiar a saída prevista para 29 de março até 30 de junho, mas aprovou uma extensão do prazo, desde que o Parlamento aprove finalmente o acordo de saída; se o acordo voltar a ser chumbado, o Reino Unido terá de pôr um novo plano à consideração da UE até 12 de abril (dia em que termina o prazo legal para a apresentação de listas às eleições europeias de 26 de maio).
O Governo britânico deverá submeter o acordo de saída aos deputados pela terceira vez ainda esta semana, depois de dois chumbos, um em janeiro e outro em março.
“Estamos com vários cenários possíveis”, admite João Vale de Almeida, destacando o que lhe parece óbvio: “é preciso completar esta fase” e “encontrar um modelo de saída” com “um impacto o menos negativo possível” para ambas as partes.
A partir daí, as partes vão “avaliar as suas perdas” e “construir uma relação futura”, confia o embaixador da União Europeia junto das Nações Unidas, que cessará funções em outubro.
“O que me parece óbvio hoje, e visto de Nova Iorque ainda mais, é que há uma necessidade absoluta e uma vontade comum, aliás, de ter uma relação muito próxima e muito sólida entre a União Europeia a 27 e o Reino Unido”, frisa.
“Isso faz parte dos nossos interesses, corresponde aos nossos valores comuns e, num contexto multilateral e estratégico, faz todo o sentido. E quando as coisas fazem sentido têm muita força”, acredita.
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