Michel Barnier descreveu, no entanto, como “construtivas” as negociações que decorreram este fim de semana entre Londres e Bruxelas, segundo um comunicado divulgado pela Comissão Europeia.
O principal negociador da UE informou hoje à noite em Bruxelas os 27 embaixadores dos Estados-membros sobre os avanços das conversações com o Reino Unido.
Um diplomata europeu, citado pela agência noticiosa francesa France Presse (AFP), confirmou que neste momento, e após as reuniões do fim de semana, ainda não há um sinal de uma rápida resolução da crise, sugerindo que a posição britânica não tinha ido longe o suficiente.
"Ainda não há avanço. As discussões intensivas continuam. Não é uma posição fácil, especialmente porque faltam apenas alguns dias para a cimeira europeia”, disse a mesma fonte, que falou sob a condição de anonimato.
"Se o Governo britânico quer uma solução, deve agir rapidamente. O tempo está passar", acrescentou.
Michel Barnier deverá ainda hoje à noite apresentar junto do Parlamento Europeu um ponto de situação destas negociações, gesto que irá repetir na próxima terça-feira aos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE durante uma reunião no Luxemburgo.
As discussões técnicas entre Londres e Bruxelas devem prosseguir na segunda-feira.
Estas negociações estão a decorrer a poucos dias da reunião do Conselho Europeu de 17 e 18 de outubro em Bruxelas, que tem sido encarada como a última oportunidade para evitar uma saída britânica da UE sem acordo, com pesadas consequências, ou para abordar um possível terceiro adiamento do processo.
No início deste mês, o Reino Unido apresentou uma proposta alternativa para o 'Brexit'.
Um dos pontos problemáticos da proposta britânica, segundo o principal negociador da UE, assenta na ausência de “certezas jurídicas” relativamente ao ‘backstop’ (mecanismo de salvaguarda) e no papel reservado à Irlanda do Norte, cujas autoridades autónomas teriam o poder de autorizar (ou revogar) o alinhamento com as regras do mercado comum naquele território todos os quatro anos.
Inicialmente agendada para 29 de março, a saída do Reino Unido foi adiada para 31 de outubro, uma data que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, assegura que irá respeitar, haja ou não acordo entre os 27 e Londres.
Legislação em vigor estipula que o primeiro-ministro britânico é obrigado a pedir uma extensão do processo do ‘Brexit’ por mais três meses, até 31 de janeiro, se não for alcançado um acordo até 19 de outubro nem autorizada uma saída sem acordo.
Na passada quarta-feira, o presidente do Parlamento Europeu, o italiano David Sassoli, disse que a assembleia europeia apoiaria um eventual adiamento do ‘Brexit’ para permitir eleições ou um novo referendo.
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