O SAPO24 sabe que dos três detidos um será funcionário da área de compras da TAP. A companhia aérea não quis prestar declarações, afirmando que "só as autoridades podem falar sobre as investigações".

Em causa estão suspeitas de fornecimento de peças e componentes aeronáuticas a companhias de transporte aéreo e às respetivas unidades de manutenção, acompanhadas de documentação de certificação que se suspeita ter sido forjada. Estes componentes, classificados como 'Suspected Unapproved Parts', não cumprirão com os requisitos exigidos pelos fabricantes originais", adianta, em comunicado, a PJ.

A TAP confirmou ao SAPO24 que os motores foram imobilizados e as peças substituídas em 2023, altura em que o esquema foi denunciado.

Os três detidos na operação "Voo Cego" estão indiciados dos crimes de burla qualificada, falsificação de documentos, administração danosa, atentado à segurança de transporte por ar, branqueamento, corrupção passiva, corrupção com prejuízo do comércio internacional e fraude fiscal qualificada.

O esquema foi denunciado em 2023 pela TAP, "na sequência da deteção, nas suas cadeias de abastecimento, de componentes não certificados, destinados a ser instalados em motores aeronáuticos, no decurso de ações de manutenção", indica a PJ.

A força policial acrescenta que, antes de apresentar a denúncia, a companhia comunicou a situação às entidades competentes em matéria de segurança aérea, "contribuindo assim para a mitigação de quaisquer riscos e para a uma rápida intervenção das autoridades de segurança aeroportuária a nível internacional".

No total, foram hoje cumpridos 10 mandados de busca na área de Lisboa, na Margem Sul, no Alentejo, no Algarve e no interior do país.

Os suspeitos vão ser apresentados a tribunal para serem interrogados por um juiz e eventual aplicação de medidas de coação.

*Com Lusa